sábado, 7 de novembro de 2015

Prefácio


Este material é resultado de uma pesquisa acadêmica sem fins lucrativos.

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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Doença: Cromossomo

Acidemia metilmalônica: 4
Acidemia propiônica: 3
Acondroplasia: 4
Alagille, síndrome de: 20
Albinismo: 11, 15
Alcaptonúria: 3
Alport, síndrome de: 2, X
Alstrom, síndrome de: 2
Alzheimer, doença de: 1, 14, 19, 21
Anemia falciforme: 11
Anencefalia: X
Angelman, síndrome de: 15
Aniridia: 11
Artrite reumatoide: 6
Asma:5
Autismo: 11, 22
Batten, doença de: 16
Brugada, síndrome de: 3
Câncer colorretal não poliposo hereditário: 2, 3
Câncer da bexiga: 4, 17
Câncer da mama: 1, 6, 11, 13, 14, 15, 17, 22
Carcinoma medular tireoidiana: 10
Cardiomiopatia hipertrófica: 14
Cera no ouvido: 16
Charcot-Marie-Tooth, doença de: 1, 3, 11, 19
Cifoescoliose (Ehlers-Danlos, síndrome de): 1
Cohen, síndrome de: 8
Colagenopatia: 1
Coproporfiria hereditária: 3
Cri-du-Cha, doença de: 5
Cromossomo 20 em anel: 20
Cromossomo X frágil, síndrome de: X
Crouzon, síndrome: 10
Daltonismo: X
Deficiência de alfa-1-antitripsina: 14
Deficiência de tetrahidrobiopterina: 14
Deficiência de triose-fosfato isomerase: 12
Determinação da altura do indivíduo: 20
Determinação da cor dos olhos (castanho e azul): 15
Determinação da cor dos olhos (verdes): 19
Determinação da cor da pele: 16
Diabetes Mellitus: 6
Displasia crânio-lentículo-sutural: 14
Displasia tanatofórica: 4
Dissomia uniparental: 14
Distrofia miotônica: 3
Distrofia muscular progressiva: X
Doença celíaca: 20
Doença da urina em xarope de ácer: 1, 6, 19
Doença renal policística: 4, 16
Down, síndrome de (trissomia 21): 21
DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica): 14
Edward, síndrome de (trissomia 18): 18
Ehlers-Danlos, síndrome de: 2, 6
Ellis-Van Creveld, síndrome de: 4
Epilepsia: 6
Esclerose lateral amiotrófica: 2, 22
Esclerose lateral primária juvenil: 2
Esclerose tuberosa: 16
Esquizofrenia: 22
Fenilcetonúria: 12
Fibrose cística: 7
Galactosemia: 1
Gaucher, doença de: 1
Hashimoto, tireoide de: 6
Hemocistinúria: 1
Hemocromatose: 1, 2, 6
Hemofilia: X
Hemoglobinopatias: 16
Hiperoxalúria primária: 2
Hipertensão arterial: poligênica
Hipertensão pulmonar primária: 2
Hipocondroplasia: 4
Hipotireoidismo congênito: 1, 2, 14
Hirschsprung, doença de: 10
Huntington, doença de: 4
Ictiose Arlequim: 2
Jackson-Weiss, síndrome de: 10
Jacobsen, síndrome de: 11
Jacobs, síndrome de: X, Y
Klinefelter, síndrome de: X
Krabbe, doença de: 14
Li-Fraumeni, síndrome de: 22
Linfoma de Burkitt: 14
Linfoma folicular: 14
Machado-Joseph, doença de: 14
Malformação cavernosa cerebral: 3
Marfan, síndrome de: 15, 19
Mieloma múltiplo: 14
Monossomia 14: 14
Muenke, síndrome de: 4
Mutismo seletivo: 18
Nanismo Primordial: 21
Neoplasia múltipla endócrina: 10
Neurofibromatose: 17, 22
Neuropatia óptica hereditária de Leber: 19
Niemann-Pick, doença de: 14
Obesidade: Poligênica
Paris-Trosseau, síndrome de: 11
Parkinson, doença de: 1, 4, 5, 6
Patau, síndrome de (trissomia 13): 13
Pênfigo crônico familiar benigno: 3
Pfiffer, síndrome de: 10
Polipose adenomatosa familiar: 1
Porfiria: 1, 3, 10, 11, 18
Prader-Willi, síndrome de: 15
Protoporfiria eritropoiética: 18
Retinoblastoma: 13
Romano-Ward, síndrome de: 3, 4
Rubinstein-Taybi, síndrome de 16, 22
Segawa, doença de: 14
Sensenbrenner-Dorst-Owens, síndrome de: 14
Spoan, síndrome de: 11
Stickler, síndrome de: 1, 12
Surdez não sindrômica: 1, 2, 3, 4, 14
Talassemia: 11
Transtorno Bipolar: 22
Trimetilaminúria: 1
Trissomia 9: 9
Trissomia X: X
Turner, síndrome de: X, Y
Usher, síndrome de: 1, 3, 11
Von Hippel-Lindau, síndrome de: 3
Waardenburg, síndrome de: 2, 3, 20, 22
Warkany, síndrome de: 8
Williams-Beuren, síndrome de: 7
Williams-Hermes Pardini, síndrome de: 7

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Acidemia metilmalônica
Fonte: http://www.farmaciasaude.pt/site/index.php?option=com_content&view=article&id=183:acidemia-metilmalonica&catid=53:sintomasdoenca&Itemid=280 

Um grupo de distúrbios metabólicos hereditários que causam o acúmulo de ácido metilmalónico no corpo e episódios graves de acidose e cetose, que podem ser fatais.

Causas, incidência e fatores de risco:
Defeitos nas vias metabólicas da atividade do ácido metilmalônico, ácido succínico e da vitamina B12 são responsáveis pelos ataques de acidose e cetose. Os episódios de acidose podem ser precedidos de uma infecção ou de uma ingestão elevada de proteínas.
Se a acidose não for tratada, ela evoluirá até ao coma, resultando na morte.

Sintomas:
- diminuição do tônus muscular (hipotonia)
- déficit de crescimento
- desenvolvimento retardado

Sinais e exames:
Os exames físico e laboratorial apresentam sinais de acidose, cetose e amônia sérica elevados.

Exames:
- eletrólitos séricos (chem-20)
- níveis de amônia sérica (veja teste de amônia)
- cetonas séricas
- níveis de ácido metilmalônico sérico
- ensaio enzimático em cultura de células amnióticas
para a atividade da metilmalonil CoA mutase.

Tratamento:
A administração prolongada de agentes alcalinizantes (tais como bicarbonato) ajuda a prevenir os episódios de acidose. Podem ser administradas dosagens elevadas de vitamina B12 durante ataques agudos. Deve-se manter uma dieta com baixo teor de proteínas.

Expectativas (prognóstico):
Os bebés afetados podem não sobreviver ao primeiro ataque. Os ataques de acidose podem ser recorrentes.

Complicações:
- coma
- resultados fatais

Solicitação de assistência médica e/ou farmacêutica:
Entre imediatamente em contato com o seu médico se apresentar sinais de acidose, tais como dor de cabeça, condição de alerta diminuído, desorientação, visão embaçada, irritabilidade ou inquietação.

Prevenção:
Seguir dietas de manutenção com baixo teor de proteínas e evitar infecções, ajuda a reduzir ataques recorrentes de acidose.

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Acidemia propiônica ou deficiência de propionil-coenzima A carboxilase
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Acidemia_propi%C3%B4nica

É um distúrbio metabólico congênito autossômico recessivo, em que uma forma defeituosa da enzima propionil-coenzima A carboxilase ou sua ausência resultada na acumulação de ácido propiônico, causando acidemia (acúmulo de ácidos no sangue). Os sintomas aparecem poucos dias depois do nascimento e causam problemas cardíacos, nutricionais e neurológicos possivelmente fatais. É incomum, atingindo 1 em cada 18.000 dos nascidos no mundo, muitos morrem antes de completar um ano em decorrência desse distúrbio. É mais comum na Arábia Saudita e entre esquimós Inuit e Amish e menos comum nos EUA.

Causa:
É herdada dos pais em um padrão autossômico recessivo, o que significa que os pai e mãe portadores sem a doença, tem 25% de chance de transmitir esse distúrbio aos seus filhos. A criança deve receber o gene defeituoso (gene PCCA e PCCB) de ambos pais para desenvolver a condição.
O metabolismo de alguns aminoácidos essenciais (isoleucina, valina, treonina e metionina) produzem propionil-CoA e em menor grau, de colesterol e ácidos graxos de cadeia ímpar também formam propionil-CoA. Em pessoas saudáveis a enzima propionil-CoA carboxilase, que requer biotina como um cofactor, catalisa a conversão de propionil-CoA a metilmalonil-CoA que com outra enzima forma Succinil-CoA e entra no ciclo de Krebs.

Sinais e Sintomas:
A crise geralmente ocorre na primeira semana de vida, mas formas mais moderadas também pode ocorrer em crianças portadores do gene defeituoso, depois de mudanças na alimentação, jejum prolongado ou como consequência de infecções. Os sintomas podem incluir:A crise geralmente ocorre na primeira semana de vida, mas formas mais moderadas também pode ocorrer em crianças portadores do gene defeituoso, depois de mudanças na alimentação, jejum prolongado ou como consequência de infecções. Os sintomas podem incluir:
- Vômitos,
- Perda de apetite,
- Tônus muscular fraco (hipotonia)
- Desidratação,
- Letargia,
Complicações possíveis incluem:
- Convulsões
- Infarto dos núcleos da base
- Cardiomiopatia
- Danos neurológicos permanentes
- Coma
Evidências clínicas e de imagem sugerem que acidemia propiônico predispõe a infartos bilaterais dos núcleos da base envolvendo o núcleo caudado, putâmen e globo pálido. Formas mais leves pode ser caracterizado pela ausência de algumas destas características clínicas.

Tratamento:
Uma dieta com restrição de proteína(1.5-2mg/kg/dia) é essencial ao tratamento. A suplementação de L-carnitina (100 mg / kg / dia) e a suplementação de biotina (10 mg / dia) também são necessárias. Modificação da dieta e suplementação pode reverter os sintomas clínicos e normalizar achados laboratoriais. O sucesso da terapia pode ser medidos pela queda no nível do ácido propiônico, da acidose e da amônia no soro.

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Acondroplasia
Fonte: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/acondroplasia

É a forma mais comum de displasia esquelética. As displasias esqueléticas são um grupo amplo de condições geneticamente determinadas que cursam, geralmente, com baixa estatura e alteração do arcabouço ósseo.
Os indivíduos com acondroplasia apresentam características específicas tais como baixa estatura desproporcionada (existe encurtamento predominante dos membros em relação ao tronco), mãos em formato de tridente, aumento da circunferência da cabeça e feição facial típica.

Causas:
Mutações deletérias no gene FGFR3 são relacionadas à gênese da acondroplasia. Este gene codifica um receptor celular que tem função primordial no controle da maturação da cartilagem óssea e, consequentemente, participa ativamente da modulação do crescimento ósseo.
Desta forma, mutações neste gene resultam em função anômala do receptor por ele codificado. A consequência clínica é a formação de ossos mais curtos e de formato anômalo.

Herança Genética:
A acondroplasia é condição geneticamente determinada de herança autossômica dominante. Desta maneira, os indivíduos com acondroplasia têm 50% de chance, em cada gestação, de apresentarem filho/filha com a mesma condição.
Observamos, em 80% das ocorrências, que a acondroplasia não é herdada de nenhum dos genitores e ocorre de maneira isolada na família. Esta situação (indivíduos com acondroplasia cujos pais não apresentam a condição) é decorrente de mutação nova no gene FGFR3 durante a formação do gameta (óvulo ou espermatozoide) de um dos genitores. Neste caso, é baixo o risco de casal sem acondroplasia ter uma segunda criança com a condição.

Sintomas:
As características da acondroplasia podem ser suspeitadas já no exame de ultrassonografia pré-natal, com redução do tamanho do feto de encurtamento ósseo.
Após o nascimento, os achados afloram e o diagnóstico pode ser confirmado.
Percebe-se a presença de baixa estatura desproporcionada, com os membros mais encurtados e o tronco relativamente preservado. Os dedos das mãos são curtos e tem-se uma disposição que lembra um tridente.
A face é muito característica com a fronte proeminente e aumento da circunferência da cabeça.
Observa-se também um aumento da curvatura natural da lombar (hiperlordose lombar), limitação da movimentação do cotovelo e hipermobilidade de outras articulações, como joelhos e quadril. Deformidades em joelhos também são comuns.
Na infância, pode haver hipotonia (o bebê aparenta ser menos firme) e atraso do desenvolvimento motor (o bebê pode demorar mais tempo para sentar e andar).
A estatura final do homem com acondroplasia é cerca de 131 cm, enquanto que a da mulher é cerca de 124 cm.

Buscando ajuda médica:
A suspeita de acondroplasia deve sempre ser suscitada na presença de baixa estatura já ao nascimento, encurtamento dos membros ou na presença de encurtamentos ósseos em radiografias de rotina.

Diagnóstico de Acondroplasia:
Apesar de não haver nenhum algoritmo diagnóstico publicado, o diagnóstico da acondroplasia é clínico e baseia-se na presença dos achados físicos e radiológicos típicos. Daí a importância de avaliação pormenorizada com o médico geneticista.
O teste do DNA com estudo do gene FGFR3 é confirmatório em mais de 99% dos pacientes, mas em geral este teste é reservado somente aos quadros atípicos (quando a avaliação clínica e o estudo radiológico não são suficientes para confirmar o diagnóstico).

Exames:
A avaliação clínica com exame físico completo e medidas corporais são as ferramentas mais importantes para o diagnóstico da acondroplasia. Além disso, o estudo radiológico do esqueleto agrega importantes informações sobre algumas alterações típicas da acondroplasia. O estudo do DNA pode ajudar em quadros atípicos, conforme anteriormente mencionado.
Para o acompanhamento clínico, uma série de outros exames pode ser necessária para a abordagem de possíveis complicações. Estes exames podem incluir:
- Imagem do encéfalo (tomografia computadorizada)
- Polissonografia
- Radiografias seriadas
- Estudo da junção crânio-cervical
- Avaliação neurológica.

Tratamento e cuidados:
O uso de hormônio de crescimento (GH; ou somatotropina) para o tratamento da baixa estatura na acondroplasia traz efeitos modestos: acelera o crescimento na infância, mas os ganhos são bem menos intensos posteriormente.
O alongamento ósseo ortopédico é opção mais invasiva e desconfortável, mas proporciona ganhos de até 30 cm de estatura. O uso desta técnica deve ser muito criterioso, realizado por ortopedista experiente neste campo e com o consentimento do indivíduo.

Convivendo (Prognóstico):
Algumas atividades devem ser evitadas pelos indivíduos com acondroplasia. Elas incluem as situações que forcem a junção crânio-cervical, como esportes de contato, pular “de cabeça” na piscina, pular de trampolim, “plantar bananeira” ou qualquer situação que envolva ficar de cabeça para baixo.
O parto de gestantes com acondroplasia deve ser preferencialmente cirúrgico (cesariano), já que existe redução das proporções pélvicas.

Complicações possíveis:
As principais complicações na acondroplasia são:
- Atraso de desenvolvimento e hipotonia na infância
- Hidrocefalia
- Obesidade
- Compressão medular na junção crânio-cervical
- Apneia obstrutiva do sono
- Infecções de ouvido de repetição
- Deformidades ósseas.

Expectativas:
A ciência ainda não dispõe de tratamento curativo para a acondroplasia. O seguimento adequado visa a detecção e abordagem precoces de possíveis complicações.

Prevenção:
O diagnóstico precoce e o seguimento clínico multiprofissional são as chaves para a prevenção das complicações da acondroplasia.

Fontes e referências:
Caio Quaio, médico geneticista e certificado pela Educational Commission for Foreign Medical Graduates, especialista pela Sociedade Brasileira de Genética Médica (CRM-SP: 39.130).
Bellus GA, Hefferon TW, Ortiz de Luna RI, Hecht JT, Horton WA, Machado M, Kaitila I, McIntosh I, Francomano CA. Achondroplasia is defined by recurrent G380R mutations of FGFR3. Am J Hum Genet. 1995;56:368–73.
Fowler ES, Glinski LP, Reiser CA, Horton VK, Pauli RM. Biophysical bases for delayed and aberrant motor development in young children with achondroplasia. J Dev Behav Pediatr. 1997;18:143–50.
Ganel A, Horoszowski H. Limb lengthening in children with achondroplasia. Differences based on gender. Clin Orthop. 1996;332:179–83.
Hall JG. The natural history of achondroplasia. Basic Life Sci. 1988;48:3–9.
Kanaka-Gantenbein C. Present status of the use of growth hormone in short children with bone diseases (diseases of the skeleton). J Pediatr Endocrinol Metab. 2001;14:17–26.
Laederich MB, Horton WA. Achondroplasia: pathogenesis and implications for future treatment. Curr Opin Pediatr. 2010;22:516–23.
Pauli RM, Horton VK, Glinski LP, Reiser CA. Prospective assessment of risks for cervicomedullary-junction compression in infants with achondroplasia. Am J Hum Genet. 1995;56:732–44.
Pauli RM. Achondroplasia. In Cassidy SB, Allanson JE, eds. Management of Genetic Syndromes. 3 ed. New York, NY: John Wiley & Sons. 2010:17-37.
Spranger J. Pattern recognition in bone dysplasias. Prog Clin Biol Res. 1985;200:315–42.

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Síndrome de Alagille ou Displasia artério-hepática, hipoplasia biliar intra-hepática, paralisia dos ductos inter-loculares da bile ou síndrome da escassez de ductos biliares intra-hepáticos
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Alagille

É uma doença genética que afeta o fígado, coração e outros sistemas corporais. Os problemas associados com esta doença começam a evidenciar-se na infância, sendo uma das causas mais freqüentes de hepatopatia crônica na infância. A doença é herdada segundo um padrão autossômico dominante de penetrância incompleta e expressividade variável, gerando apresentações clínicas variáveis, mesmo em indivíduos da mesma família. A prevalência na população é de 1 para 70.000 nascidos-vivos. Atinge homens e mulheres igualmente.

A severidade da doença pode variar dentro da mesma família. Os sintomas podem nem sequer notar-se, mas noutros casos podem ser tão severos que quer o coração quer o fígado necessitam de sofrer transplante.

Existem dois genes associados à essa síndrome, JAG1 (cromossomo 20p12) e NOTCH2 (cromossomo 1p13-p11). A maior parte dos afetados (89%) apresenta pequenas mutações no gene JAG1. Cerca de 7% dos afetados apresenta uma microdeleção na região 20p12, que deleta o gene JAG1 inteiro. Mutações no gene NOTCH2 são encontradas em menos de 1% dos afetados. O gene JAG1 está envolvido em processos de sinalização entre células adjacentes durante o desenvolvimento embrionário. Estas sinalizações influenciam a maneira como as células são usadas na construção das estruturas corporais durante o desenvolvimento do embrião. Mutações neste gene causa disrupção na via de sinalização, causando erros no desenvolvimento, especialmente no coração, escassez de ductos biliares no fígado, na coluna e em algumas características faciais.

Ductos biliares intra-hepáticos malformados e estreitos produzem a maioria dos problemas de saúde associados à síndrome de Alagille, levando a repercussões variáveis sobre o órgão. A bile é produzida no fígado e é conduzida através dos ductos biliares até ao intestino delgado, onde auxilia à digestão das gorduras. Os pacientes com esta síndrome acumulam a bile no fígado, prevenindo que este funcione corretamente na eliminação de toxinas da corrente sanguínea.

Sinais e Sintomas:
As cinco alterações principais desta síndrome são: 1.Alterações faciais típicas
2.Defeitos oculares
3.Anormalidades cardiovasculares
4.Anormalidades nos arcos vertebrais
5.Colestase crônica

1. Alterações faciais: são encontradas em 70% a 90% dos pacientes e podem estar presentes hipertelorismo ocular, ponte nasal ampla, olhos profundos, micrognatia e fronte proeminente, porém por ser uma doença de expressividade variável não tem uma face característica como a da síndrome de Down.

2.Defeitos oculares: são encontradas em 56% a 90% dos pacientes e podem estar presentes embriotoxon posterior (mais comum), pigmentação da retina, glaucoma congênito, anormalidades pupilares e anomalias do disco óptico.

3.Anormalidades cardiovasculares: são encontradas em 52% a 85% dos pacientes e pode-se encontrar estenose pulmonar (mais comum, 83%), tetralogia de Fallot, comunicação interatrial (CIA), comunicação interventricular (CIV), ducto arterioso patente/persistência do canal arterial e coarctação da aorta.

4.Anormalidades nos arcos vertebrais: são encontradas em 33% a 87% dos pacientes e a principal alteração é denominada vértebra em borboleta com fusão incompleta do arco anterior, também pode ser encontrados pacientes com espinha bífida

5.Colestase crônica: é encontrada em mais de 90% dos pacientes se manifesta com icterícia (uma tonalidade amarelada da pele), prurido intenso, muitas vezes intratável. Xantomas (manchas nos olhos e depósitos de colesterol na pele) ocorrem em 30% dos pacientes que apresentam colestase.

Diagnóstico:
Achados laboratoriais sugestivos: é freqüente encontrar aumento de ácidos graxos, da bilirrubina conjugada, fosfatase alcalina, colesterol e gama-GT. Menos freqüentemente encontra-se aumento das aminotransferases e dos triglicérides. Quando a hipercolesterolemia e trigliceremia são muito acentuadas estão associadas à colestase grave.
Molecular: se faz por seqüenciamento do gene JAG1.
Quando a síndrome de Alagille foi inicialmente descrita, para o diagnóstico era necessário que uma pessoa tivesse escassez de ductos biliares (verificado por biópsia hepática), além de, pelo menos, três dos cinco critérios principais descrito acima (colestase, características faciais, vertebrais, anomalias oculares, defeitos cardíacos) com a identificação do gene JAG1 como o gene que causa a síndrome de Alagille (AGS), os critérios de diagnóstico foram modificados. Nos últimos anos, tem sido reconhecido que um diagnóstico pode ser feito por uma pessoa que não tem todos os critérios clínicos de síndrome de Alagille, mas que têm uma mutação no JAG1. Por exemplo, um membro da família levemente afetado que não iria cumprir os critérios clínicos para AGS, mas que tem a mesma mutação JAG1 que um membro da família gravemente afetado é considerado AGS.

Prognóstico e Complicações:
A ampla variabilidade no curso clínico entre famílias e entre gerações da mesma família torna cada caso muito específico e o prognóstico muito variável. A progressão para cirrose ocorre em 10% a 20% dos casos. A morbidade está relacionada com as complicações referentes à colestase crônica, às anomalias cardíacas, à presença de infecções e ao aparecimento de hipertensão portal. Raramente há progressão para carcinoma hepatocelular. Nos casos em que não há resposta ao tratamento clínico ou com prurido intratável, a cirurgia de derivação biliar parcial e o transplante hepático devem ser considerados para melhora da qualidade de vida. As doenças cardíacas complexas são responsáveis pela maioria dos óbitos neonatais, e a falência hepática pela mortalidade e morbidade tardias.

Tratamento:
Por ser uma síndrome que tem vários graus de acometimento de sistemas podendo ser desde leve e passar despercebida à grave necessitando de transplante deve realizar exames para verificar a gravidade das alterações. Os principais exames são:
- Teste de Função hepática
- Teste de Função Pancreática
- Avaliação Cardiológica
- Avaliação Oftalmológica
- Avaliação Renal
Vários medicamentos são utilizados para melhorar o fluxo biliar e diminuir o prurido como o Ursodiol, Hidroxizine, colestiramina, rifampicina e Phenobarbitol. São administradas vitaminas lipossolúveis (ADEK) pois com o fluxo biliar reduzido a absorção destas vitaminas está prejudicada. O principal objetivo do tratamento, porém, é melhorar as funções hepática e cardíaca. Para isso podem ser necessárias cirurgias corretivas e, em casos mais graves, transplante tanto de coração quanto de fígado.

Aconselhamento Genético:
Como é uma doença autossômica dominante de penetrância incompleta e expressividade variável, espera-se que indivíduos afetados passem a mutação para pelo menos 50% seus filhos mas não se pode prever se essas crianças terão manifestações e nem se serão leves ou graves. Mutações “de novo”(a mutação não está presente nem no pai nem na mãe, acontece durante a gametogênese) ocorrem em 50% do casos.
Uma vez identificada mutação em um indivíduo, outros familiares podem ser testados em busca daquela mutação. Se uma pessoa é portadora da mutação, durante a gravidez, o feto poderia ser testado para a mutação com o teste pré-natal padrão (biópsia de vilo corial ou da amniocentese) que procura a mutação existente já conhecida naquela família, mas mesmo ao encontrar a mutação não se pode dizer se a criança desenvolverá manifestações e nem se serão leves ou graves. Nesse sentido, pode-ser fazer um ecocardiograma fetal também em busca de anomalias cardíacas que já podem mostrar se a criança terá alterações cardíacas evidenciando sinais da síndrome.

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Albinismo (do termo em latim albus, "branco") ou acromia, acromasia, acromatose ou hipopigmentação
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Albinismo

O albinismo é um distúrbio congênito caracterizado pela ausência completa ou parcial de pigmento na pele, cabelos e olhos, devido à ausência ou defeito de uma enzima envolvida na produção de melanina. O albinismo resulta de uma herança de alelos de gene recessivo e é conhecido por afetar todo o reino animal. O termo mais comum usado para um organismo afetado por albinismo é "albino".
O albinismo é associado com um número de defeitos de visão, como fotofobia, nistagmo e astigmatismo. A falta de pigmentação da pele faz com que o organismo fique mais suscetível a queimaduras solares e câncer de pele.

Conceituação:
O albinismo é uma condição de natureza genética em que há um defeito na produção pelo organismo de melanina. Este defeito é a causa de uma ausência parcial ou total da pigmentação dos olhos, pele e pelos do animal afetado. Também aparecem equivalentes do albinismo nos vegetais, em que faltam alguns compostos corantes, como o caroteno. É uma condição hereditária que aparece com a combinação de genes que são recessivos nos pais.
Os principais tipos de albinismo são os seguintes:
- Oculocutâneo (completo ou total) - em que todo o corpo é afetado;
- Ocular - somente os olhos sofrem da despigmentação;
- Parcial - o organismo produz melanina (ou corantes, se no vegetal) na maior parte do corpo, mas em outras partes isto não ocorre como, por exemplo, nas extremidades superiores.

Descrição da mudança genética:
Nos indivíduos comuns/médios o organismo transforma um aminoácido chamado tirosina na substância conhecida por melanina. Para que haja produção de melanina devem ocorrer uma série de reações enzimáticas (metabolismo) por meio dos quais se opera a transformação do aminoácido Y (chamado tyr) em melanina, por intermédio da ação da enzima tirosinase.
Os indivíduos que padecem de albinismo têm este caminho metabólico interrompido, já que sua enzima tirosinase não apresenta nenhuma atividade (ou esta é tão pequena que é insuficiente), de modo que a transformação não ocorre e tais indivíduos ficarão sem pigmentação.

Papel da melanina:
A melanina se distribui por todo o corpo, dando cor e proteção à pele, cabelos e à íris dos olhos. Quando o corpo é incapaz de produzir esta substância, ou de distribuí-la por todo o soma, ocorre a hipopigmentação, conhecida por albinismo.
Transmissão:
O albinismo é hereditário, e transmite-se de três formas distintas:
- Autossômica recessiva;
- Autossômica dominante, e
- Ligado ao cromossomo X, quando afeta apenas indivíduos do sexo masculino.

Graus de albinismo:
O albinismo completo se apresenta quando a carência da substância corante se percebe na pele, no cabelo e nos olhos, sendo conhecido como albinismo oculo-cutâneo ou tiroxinase-negativo. Estes indivíduos apresentam a pele e os pelos de cores branca, e os olhos de tom rosado. Sofrem de transtornos visuais, fotofobia, movimento involuntário dos olhos (nistagmus) ou estrabismo e, em casos mais severos, podem chegar à cegueira. A exposição ao sol não produz o bronzeamento, além de causar queimaduras de graus variados.
No albinismo ocular, uma versão menos severa deste transtorno, apenas os olhos são afetados. Nesta variedade do albinismo a cor da íris pode variar de azul a verde e, em alguns casos, castanho-claro - e cuja detecção se dá mediante exame médico. Nestes casos a fóvea (responsável pela acuidade visual, no olho) tende a desenvolver-se menos, pela falta da melanina, que cumpre um papel central no desenvolvimento do olho, nos fetos.

Os filhos da lua:
Os albinos sofrem conseqüências devido a falta de proteção contra a luz solar especialmente na pele e nos olhos. Assim muitos preferem a noite para desenvolvimento de suas atividades, daí o nome filhos da lua. Muitos albinos humanos sofrem dificuldades de adaptação social e emocional.

Outras mudanças genéticas associadas à falta de melanina:
- Síndrome de Waardenburg: é um transtorno que se apresenta como uma mecha de pelos que crescem sem pigmentação na parte frontal da cabeça, ou pela ausência de pigmentação numa das íris.
- Síndrome de Chediak-Higashi: falta parcial da pigmentação na pele, associado a alterações imunológicas celulares, tendo tendência a criar graves infecções sistêmicas.
- Esclerose tuberosa: pequenas áreas localizadas com despigmentação.
- Síndrome de Hermansky-Pudiak: albinismo generalizado, associado com problemas sanguíneos, pulmonares e intestinais.

Albinismo animal:
Os animais albinos, via de regra, não sobrevivem por muito tempo em seu meio natural em virtude de sua debilidade ante os raios solares e ainda porque sua falta de coloração os delata facilmente, quer para suas presas, quer para seus predadores.
Deve-se diferenciar, porém, os animais albinos daqueles que possuem a coloração branca (ou leucísticos). Comumente são vendidos animais como albinos quando na realidade trata-se de animais de pelagem branca mas que ainda assim possuem melanina em seu organismo, como ocorre aos ursos do Ártico.
A vida em cativeiro dos animais albinos é, sem dúvida, a única forma de manter sua sobrevivência. Por sua beleza e raridade, tornam-se atração em alguns zoológicos do mundo, como os seguintes:
O gorila chamado Floco de Neve (Floquinho de Neve), único albino conhecido de sua espécie, que vivia no Zoológico de Barcelona, até sua morte causada por câncer de pele em 24 de novembro de 2003. Viveu por 40 anos, e nascera na Guiné Equatorial. No zoológico de Barranquilla (Colômbia) vive um espécime de macaco-aranha albino, da espécie Ateles ater, conhecida popularmente pelo nome de Marimonda.
- Mecky Way, um ouriço criado em liberdade, na Alemanha.
- Snowdrop, um pinguim sul-africano albino, que vivia no zoológico de Bristol (Reino Unido) até sua morte em agosto de 2004. Era um dos quatro casos documentados de albinismo nesta espécie.
- Os espetaculares pavões reais albinos dos zoológicos de Connecticut (Estados Unidos) e Lahore (Paquistão), Canguru, nascido no zoológico de Brasília(Brasil).
- Mince, uma cobra albina de 2 cabeças, que foi vista numa exposição de animais exóticos na Suíça.

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Alcaptonúria ou ocronose
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alcapton%C3%BAria

É uma doença genética rara (autossómica recessiva), que afecta o metabolismo da tirosina. Foi a primeira doença genética a ser identificada (em 1902).
Uma das características distintivas desta doença é a particularidade da urina se tornar escura após várias horas de exposição ao ar. Além disso, a doença se caracteriza por artrite aguda (especialmente na coluna vertebral) e urina escurecida, entre outros problemas.
A doença é causada por deficiência da enzima oxidase do ácido homogentísico (um subproduto tóxico da tirosina). No metabolismo da tirosina, a oxidase converte o ácido homogentísico em ácido maleilacetoacético. Quando há deficiência da oxidase, ocorre um acúmulo de ácido homogentísico. Este se oxida, formando benzoquinonas, as quais, por sua vez, formam polímeros semelhantes à melanina que se acumulam no tecido conjuntivo.
Seu gene está localizado na banda 2 do braço longo do cromossomo 3 (3q2).

Sintomas:
As manifestações clínicas mais importantes da ocronose são: artropatia, pigmentação ocular e cutânea, urina escura e acometimento cardiovascular. O diagnóstico é clínico, confirmado pela presença do ácido homogentísico na urina (aproximadamente 5g/24hs). Problemas no coração, pedras nos rins e na próstata são alguns dos outros sintomas causados pela Alcaptonúria.

Frequência:
A incidência da alcaptonúria na população é de aproximadamente 1:1.000.000 de nascimentos, sem predominância étnica.

Tratamento:
Até o presente, nenhum tipo de tratamento se demonstrou comprovadamente eficaz para reduzir as complicações da alcaptonúria. Geralmente os tratamentos recomendados incluem grandes doses de ácido ascórbico (vitamina C) e dietas com restrição de fenilalanina e de tirosina. As dietas podem ser eficazes em crianças, mas os benefícios em adultos não foram demonstrados.
O herbicida nitisinona inibe a ação da enzima 4-hidroxifenilpiruvato dioxigenase, que induz a produção do ácido homogentísico a partir do ácido 4-hidroxifenilpirúvico. Isso provoca redução do ácido homogentísico. O principal efeito colateral da nitisinona é a irritação da córnea. Também é possível que cause sintomas de tirosinemia do tipo III (tirosinemia hereditária), decorrente de uma possível acumulação de tirosina ou de outras substâncias intermediárias. Estudos adicionais estão em curso, nos Estados Unidos[8] e na Europa.
Em 2013, a imprensa divulgou a história do britânico Nick Sireau, que tem dois filhos Julien (12 anos) e Daniel (10 anos) portadores de alcaptonúria. Sireau decidiu estudar a doença logo depois do nascimento de Julien e passou a colaborar com o professor Lakshminarayan Ranganath e o paciente Robert Gregory, ambos do Royal Liverpool University Hospital, para pesquisar a doença. Os primeiros testes com a nitisinona parecem indicar sua eficácia no tratamento da doença, mas ainda será necessário realizar um certo número de testes para verificar a hipótese. Sireau está atualmente tentando levantar fundos para ajudar 140 pacientes a viajar a fim de participarem dos testes clínicos com nitisinona, durante cinco anos.

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Síndrome de Alport
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Alport


É uma doença genética caracterizada por provocar a perda progressiva da função renal e auditiva. Também pode afetar o sistema visual. A presença de sangue na urina (hematúria) é quase sempre encontrada nesta condição. Foi identificada pela primeira vez numa família inglesa, por Arthur Cecil Alport, em 1927.

Causas:
Esta síndrome é causada por mutações nos genes COL4A3, COL4A4 e COL4A5, responsáveis pela síntese do colágeno. Mutações em qualquer destes genes impedem que a rede de colagênio tipo IV seja produzida. As membranas basais são finas estruturas laminares que separam e suportam as células. Quando mutações previnem a formação das fibras de colagênio tipo IV, as membranas basais das células renais não são capazes de filtrar corretamente o sangue, permitindo que o sangue e proteínas passem para a urina.

Padrões de Hereditariedade:
A síndrome de Alport pode ter diferentes padrões de hereditariedade dependentes do tipo de mutações genéticas. - Na maior parte dos portadores desta síndrome, a condição é herdada como ligada ao cromossoma X, devido a mutações no gene COL4A5. Uma condição denomina-se ligada ao cromossoma X quando o gene envolvido na desordem está localizado no cromossoma X. Nos indivíduos do sexo masculino, que têm apenas um cromossoma X, uma cópia alterada deste gene é suficiente para causar uma síndrome de Alport severa, explicando desta maneira a eventualidade de quase todos os indivíduos deste sexo desenvolverem insuficiência renal. Nos indivíduos do sexo feminino, que possuem duas cópias do cromossoma X, uma mutação numa cópia do gene COL4A5 resulta somente no aparecimento de sangue na urina, não havendo o desenvolvimento de insuficiência renal. Por ser um tipo de hereditariedade ligada ao cromossoma X, um pai não passará esta síndrome aos filhos do sexo masculino. - A síndrome de Alport também pode ser herdada de uma forma autossômica recessiva se as duas cópias do gene COL4A3 ou do gene COL4A4, localizados no cromossoma 2, sofrerem mutação. Muitas vezes, os pais de uma criança com uma doença genética autossômica recessiva não estão afetados por ela mas são portadores de uma cópia do gene alterado.

Critérios para o Diagnóstico Clínico:
Gregory et al, 1996, propõe 10 critérios para o diagnóstico da síndrome de Alport. Quatro dos 10 critérios terão que estar presentes:
- História familiar de nefrite.
- Hematúria persistente, sem que haja evidência de outra possibilidade de nefropatia hereditária.
- Surdez sensorineural de cariz bilateral, no intervalo de frequências dos 2000 Hz aos 8000 Hz. Surdez com desenvolvimento progressivo, não presente na infância e com aparecimento antes dos 30 anos de idade.
- Mutação no gene COL4An, em que n é igual a 3, 4 ou 5.
- Evidência imuno-histoquímica da ausência parcial ou total do epítopo na membrana basal dos glomérulos ou membrana basal epidérmica, ou em ambas.
- Vastas anormalidade estruturais da membrana basal glomerular.
- Lesões oculares.
- Progressão gradual para falência crônica renal (em pelo menos 2 membros da família).
- Macrotrombocitopenia ou inclusões granulocíticas
- Leiomiomatose difusa do esófago ou da genitália feminina, ou ambos.

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Síndrome de Alstrom
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Alstrom

É uma enfermidade hereditária extremadamente rara, caracterizada por cegueira progressiva, diabetes mellitus na juventude, obesidade e surdez, sem deficiência mental (alguns distúrbios psicomotores foram observados, mas consistem apenas em 25% dos casos já relatados).
Foi descrita por primeira vez, em 1959, por Carl Henry Alström e Bertil Hallgren, tendo sido publicados na literatura médica ao redor de 120 casos, a maioria deles localizados em países industrializados. Tem aparecido com maior freqüência na Holanda e na Suécia.
Clinicamente a síndrome de Alström pode ser bem caracterizada, porque os sintomas tendem a aparecer em uma determinada ordem.

Sintomas:
Os sintomas estão relacionados com alterações visuais que podem apresentar-se entre a primeira e a terceira semana de vida. As alterações visuais consistem em uma distrofia (alteração do volume/peso do órgão) de cones (foto-receptores da retina - capa interna do olho - que nos permitem a visão diurna e de cores), de espasmos dos músculos do olho que produzem movimentos oculares rápidos e involuntários), de fotofobia (sensibilidade anormal à luz) e afetação progressiva da visão central e periférica, que pode evoluir para uma cegueira total em torno dos 7 anos de idade - apesar de ser possível manter a visão residual até aproximadamente os 25 anos (devido a lesão espasmódica nos nervos ópticos, acabam por comprometer a integridade da retina, e assim, atrofia no cristalino e nervos periféricos, gerando degradação percentual 10%-100%/ano).
A obesidade moderada pode começar no primeiro ou no segundo ano, mas há casos que começam a apresentar obesidade na adolescência. Não existem dados que comprovem a relação da síndrome com o hipotireoidismo e deficiências hormonais, logo, associa-se à condição ao Diabetes Mellitus.
A surdez neurosensorial progressiva inicia-se em geral entre os 4 e 8 anos de idade. O diagnóstico dessa enfermidade é fundamentalmente clínico, não existindo provas diagnósticas complementares características.

Tratamento:
O objetivo do seu tratamento é corrigir ou aliviar alguns dos sintomas que surgem e o controle do diabetes mellitus, por meio de dieta e exercícios, com ou sem medicação antidiabética. O uso de aparelhos auditivos pode ajudar a enfrentar a perda auditiva.
Para um tratamento adequado desses pacientes é preciso um enfoque interdisciplinar contando com médicos oftalmologistas e endocrinologistas, com terapeutas ocupacionais, psicólogos, enfermeiras, assistentes sociais, etc.

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Doença de Alzheimer
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_de_Alzheimer


É a forma mais comum de demência. Não existe cura para a doença, a qual se agrava progressivamente até levar à morte. Foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra e neuropatologista alemão Alois Alzheimer, de quem recebeu o nome. A doença é geralmente diagnosticada em pessoas com idade superior a 65 anos, embora possa ocorrer mais cedo. Em 2006, existiam no mundo 26,6 milhões de pessoas com Alzheimer e em 2050 prevê-se que afete 1 em cada 85 pessoas à escala mundial. A doença afeta 1% dos idosos entre os 65 e 70 anos, mas a prevalência aumenta exponencialmente com a idade, sendo de 6% aos 70, 30% aos 80 anos e mais de 60% depois dos 90 anos.

Embora a doença de Alzheimer se manifeste de forma diferente em cada pessoa, existem diversos sintomas em comum. Os primeiros sintomas são geralmente confundidos com sinais relacionados com a idade ou manifestações de stresse. Nos primeiros estágios, o sintoma mais comum é a dificuldade em recordar eventos recentes, o que se denomina perda de memória a curto prazo. Quando se suspeita de Alzheimer, o diagnóstico é geralmente confirmado com exames que avaliam o comportamento e a capacidade de raciocínio da pessoa, os quais podem ser complementados por um exame cerebral. No entanto, só é possível determinar um diagnóstico definitivo através de um exame ao tecido cerebral. À medida que a doença evolui, o quadro de sintomas pode incluir confusão, irritabilidade, alterações de humor, comportamento agressivo, dificuldades com a linguagem e perda de memória a longo prazo. Em grande parte dos casos, a pessoa com Alzheimer afasta-se gradualmente da família e da sociedade. Gradualmente, o corpo vai perdendo as funções corporais normais, o que acaba por levar à morte. Uma vez que a doença se manifesta de forma diferente em cada pessoa, é difícil prever como irá afetar determinada pessoa. Antes de se manifestar por completo, a doença evolui ao longo de um período de tempo desconhecido e variável, podendo progredir ao longo de anos sem ser diagnosticada. Em média, a esperança de vida após o diagnóstico é de cerca de sete anos. Pouco mais de 3% das pessoas vive mais de 14 anos após o diagnóstico.

A doença de Alzheimer é classificada como transtorno neurodegenerativo. As causas e progressão da doença ainda não são completamente compreendidas, embora se saiba que estão associadas às placas senis e aos novelos neurofibrilares no cérebro. Os tratamentos atuais destinam-se apenas aos sintomas de Alzheimer, não existindo tratamentos para parar ou regredir a progressão da doença. Até 2012, tinham sido realizados mais de mil ensaios clínicos a vários componentes da doença. Como forma de atrasar o desenvolvimento de sintomas cognitivos em idosos saudáveis, tem sido sugerida a realização de exercício físico e mental e uma dieta equilibrada, embora não existam evidências conclusivas em relação a eventuais benefícios.

Uma vez que a doença de Alzheimer não tem cura e é degenerativa, a pessoa afetada torna-se gradualmente dependente da assistência de outros. Em muitos casos, é o cônjuge ou um familiar próximo quem assume o papel de principal cuidador. A doença tem um impacto significativo para os cuidadores, a nível social, psicológico, físico e econômico. Em países desenvolvidos, Alzheimer é uma das doenças com maiores custos sociais.

Sintomas:
A doença de Alzheimer evolui de forma única em cada pessoa, embora existam sintomas em comum; por exemplo, o sintoma inicial mais comum é a perda de memória. Muitas vezes, os primeiros sintomas da doença são confundidos com os processos normais de envelhecimento ou stress. Quando se suspeita de Alzheimer, o paciente é submetido a uma série de testes cognitivos e radiológicos para confirmar o diagnóstico. Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão mental, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade. Antes de se tornar totalmente aparente, a doença de Alzheimer evolui ao longo de um período indeterminado de tempo e pode manter-se assintomática durante anos. A evolução da doença pode ser dividida em quatro fases:

Pré-demência:
Os primeiros sintomas são muitas vezes atribuídos, de forma equivocada, ao envelhecimento natural ou ao o estresse. Alguns testes neuropsicológicos podem revelar deficiências cognitivas moderadas até oito anos antes da pessoa cumprir os critérios de diagnóstico de Alzheimer. Estes primeiros sintomas podem afetar algumas das mais complexas atividades do quotidiano. O mais perceptível défice cognitivo na fase inicial é a perda de memória a curto prazo, ou seja, a dificuldade em recordar fatos aprendidos recentemente ou em memorizar nova informação.

Entre outros possíveis sintomas dos estágios iniciais de Alzheimer estão também problemas subtis com as funções executivas da atenção, planeamento, flexibilidade, raciocínio abstrato ou problemas na memória semântica (memória dos significados e relações afetivas). Durante este estágio pode também ser observada apatia, que é o mais persistente sintoma neuropsiquiátrico ao longo da evolução da doença. Também são comuns sintomas depressivos, irritabilidade e a diminuição da percepção das próprias dificuldades de memória. Este estágio pré-clínico da doença tem também sido denominado défice cognitivo ligeiro, embora ainda se debata se este termo corresponde a um estágio de diagnóstico distinto ou se identifica o primeiro estágio de Alzheimer.

Estágio Inicial:
A progressiva degeneração da memória e da capacidade de aprendizagem características da doença permitem, a dado momento, que possa ser realizado um diagnóstico conclusivo de Alzheimer. Embora na generalidade dos casos os problemas de memória sejam o sintoma mais evidente, numa pequena percentagem de pessoas são mais proeminentes as dificuldades de linguagem, funções executivas, percepção (agnosia) ou execução de movimentos (apraxia). A doença não afeta todas as capacidades de memória de igual forma. As memórias mais antigas da vida da pessoa (memória episódica), os factos já aprendidos (memória semântica) e a memória implícita (a memória do corpo para realizar ações, como usar um garfo para comer) são menos afetadas pela doença em comparação com novos factos ou memórias recentes.

Os problemas na linguagem são caracterizados principalmente pela diminuição do vocabulário e pela diminuição na fluência do discurso, o que leva a um empobrecimento geral da linguagem escrita e oral. No entanto, durante este estágio geralmente a pessoa com Alzheimer ainda é capaz de comunicar ideias básicas de forma adequada. As dificuldades de coordenação e de planeamento (apraxia) podem se manifestar durante a realização de tarefas motoras finas, como ao escrever, desenhar ou vestir-se, embora sejam geralmente imperceptíveis. À medida que a doença progride, as pessoas com Alzheimer conseguem realizar muitas tarefas de forma autônoma, embora possam precisar de assistência ou supervisão para as atividades de maior exigência cognitiva.

Estágio Intermediário:
A determinado ponto, a progressiva degeneração cognitiva afeta a independência da pessoa, a qual se mostra incapaz de realizar a maior parte das atividades do dia a dia. As dificuldades na linguagem tornam-se evidentes devido à incapacidade em se recordar de vocabulário, o que leva a substituições incorretas de palavras de forma frequente (parafasia). As capacidades de leitura e de escrita também são progressivamente perdidas. À medida que a doença progride, diminui a coordenação nas sequências motoras mais complexas, pelo que o risco de sofrer uma queda aumenta. Durante esta fase agravam-se também os problemas com a memória e a pessoa pode deixar de reconhecer familiares próximos. Começam também a ser visíveis défices na memória a longo prazo, que em estágios anteriores se mantinha intacta.

Nesta fase, as alterações comportamentais e neuropsiquiátricas tornam-se mais prevalentes. As manifestações mais comuns são um estado geral de confusão e ausência, irritabilidade e episódios incontroláveis de manifestações emotivas, como choro, agressão involuntária ou resistência à prestação de cuidados de saúde. Cerca de 30% das pessoas com Alzheimer desenvolvem sintomas de delírio. As pessoas perdem também a consciência do processo e das limitações da sua própria doença (anosognosia). Pode também aparecer incontinência urinária. Estes sintomas geram estresse para os familiares e cuidadores, que pode ser diminuído inscrevendo a pessoa em apoio domiciliário ou lares de repouso.

Estágio Avançado (terminal):
Durante a última fase da doença, a pessoa está completamente dependente dos cuidadores. A linguagem é reduzida a frases simples ou até a palavras isoladas, levando eventualmente à perda completa da capacidade de se exprimir verbalmente. Apesar da perda da linguagem verbal, muitas vezes as pessoas continuam a compreender e responder a sinais emocionais. Embora a agressividade ainda possa estar presente, a apatia extrema e o cansaço são sintomas muito mais comuns. Nesta fase, as pessoas com a doença eventualmente acabam por não conseguir realizar sem assistência até mesmo as tarefas mais simples. A massa muscular e a mobilidade degeneram-se ao ponto em que a pessoa não consegue sair da cama e perde a capacidade de alimentar a si própria. Alzheimer é uma doença terminal, em que a causa direta de morte não é a doença em si, mas geralmente um fator externo, como uma infeção por escaras ou pneumonia.

Causas:
As causas de maior parte dos casos de Alzheimer são ainda desconhecidas, exceto em 1-5% dos casos onde têm sido identificadas diferenças genéticas. Existem diversas hipóteses que tentam chegar a uma explicação para a origem da doença:

Genética
Com base em revisões de estudos entre gémeos e família, a hereditariedade genética da doença de Alzheimer varia entre 49% e 79%. Cerca de 0,1% dos casos são formas familiares de transmissão autossômica dominante, as quais geralmente ocorrem antes dos 65 anos de idade. Esta forma da doença é denominada doença de Alzheimer familiar. A maior parte dos casos de Alzheimer familiar autossômico dominante é atribuída a mutações em um de três genes: os que codificam a proteína precursora amiloide (PPA) e as presenilinas 1 e 2. A maior parte das mutações nestes genes aumenta a produção de uma pequena proteína denominada Aβ42, a qual é o principal componente das placas senis. Algumas das mutações apenas alteram a proporção entre a Aβ42 e as outras formas principais, como a Aβ40, sem no entanto aumentar a quantidade de Aβ42. Isto sugere que as mutações das presenilinas podem provocar a doença, mesmo que diminuam a quantidade total de Aβ produzida.

A maior parte dos casos de Alzheimer não evidencia transmissão autossômica dominante, sendo nesse caso denominados "doença de Alzheimer esporádica". Nestes casos, as diferenças genéticas e ambientais podem constituir fatores de risco. O fator de risco genético melhor compreendido é a hereditariedade do alelo ε4 da apolipoproteína E (APOE). Entre 40 e 80% das pessoas com Alzheimer possuem pelo menos um alelo APOEε4 allele. Este alelo aumenta o risco de vir a sofrer da doença em três vezes nos heterozigotos e quinze vezes nos homozigotos. Tal como em muitas doenças humanas, os fatores ambientais e modificadores genéticos resultam em penetrância incompleta. Por exemplo, algumas populações nigerianas não exibem a relação entre a quantidade de APOEε4 e a incidência ou idade habitual de início da doença observada em outras populações humanas. As mutações no gene TREM2 têm sido associadas a um risco 3 a 5 vezes maior de vir a desenvolver Alzheimer. Os estudos de associação pangenômica recentes verificaram a existência de dezanove áreas nos genes que aparentam afetar o risco de Alzheimer.

Hipótese colinérgica:
A hipótese mais antiga, na qual se baseia a maior parte das terapêuticas farmacológicas, é a hipótese colinérgica. Esta hipótese propõe que a doença de Alzheimer seja provocada por uma insuficiência na síntese do neurotransmissor acetilcolina. Esta hipótese não reúne atualmente apoio generalizado, em grande parte porque a medicação para o tratamento da deficiência em acetilcolina não tem demonstrado ser eficaz. Têm sido também propostos outros efeitos colinérgicos; por exemplo, a agregação em grande escala de amiloides, que provoca neuro-inflamação generalizada.

Hipótese amiloide:
Em 1991, a hipótese amiloide postulou que os depósitos extracelulares de beta amiloides (Aβ) são a causa fundamental da doença de Alzheimer. Este postulado baseia-se na localização do gene da proteína precursora amiloide no cromossoma 21 e no fato da quase totalidade das pessoas com trissomia 21, as quais têm uma cópia adicional de genes, manifestarem Alzheimer antes dos 40 anos de idade. Para além disso, existe uma isoforma específica da apolipoproteína, denominada APOE4, que é um fator de risco genético significativo para a doença. Enquanto que as apolipoproteínas aumentam a separação dos beta amiloides, algumas isoformas, como a APOE4, não são muito eficazes nesta tarefa e provocam a acumulação excessiva de amiloides no cérebro.Existem ainda evidências adicionais na descoberta de que ratos transgénicos que expressam uma forma mutante da APP humana desenvolvem placas amiloides fibrilares e patologia cerebral semelhante a Alzheimer.

Uma vacina experimental demonstrou ser eficaz a eliminar placas de amiloides durante ensaios clínicos em seres humanos, embora não tenha tido qualquer efeito significativo na demência. Isto levou os investigadores a suspeitar de que os oligômeros fossem a principal forma patogênica das Aβ. Estes oligômeros, também denominados ligantes difusos derivados do amiloide (ADDL), ligam-se a um receptor de superfície nos neurônios e alteram a estrutura da sinapse, interrompendo assim a comunicação entre os neurônios. Um dos possíveis receptores dos oligômeros Aβ é a proteína prião, a mesma proteína associada à doença das vacas loucas e à condição humana derivada, a doença de Creutzfeldt-Jakob, pelo que existe a possibilidade destas doenças neurodegenerativas estarem relacionada com a doença de Alzheimer. Em 2009 esta hipótese foi atualizada, sugerindo que um dos principais responsáveis pela doença não seria o próprio beta amiloide, mas um parente próximo da proteína beta amiloide. Esta teoria sustenta que o mesmo mecanismo amiloidal que desliga as ligações entre os neurônios no cérebro durante o crescimento rápido no início da vida pode ser mais tarde espoletado pelos processos de envelhecimento e provocar a atrofia neuronal da doença de Alzheimer.

Hipótese da proteína Tau

Na doença de Alzheimer, as alterações na proteína tau levam à desintegração dos microtúbulos nas células do cérebro. A hipótese da proteína tau propõe que a doença seja desencadeada por anormalidades na proteína tau. Neste modelo, a proteína tau hiperfosforilada começa por se associar a outras cadeias de tau, formando novelos neurofibrilares no interior das células nervosas. Quando isto ocorre, os microtúbulos desintegram-se, destruindo o sistema de transporte dos neurônios. Isto pode provocar inicialmente disfunções na comunicação bioquímica entre os neurônios e numa fase posterior a morte das células.

Outras hipóteses

A doença de Alzheimer interrompe a homeostase celular do cobre, ferro, e zinco iónicos, embora não seja ainda claro se isto é causa ou consequência das alterações nas proteínas. Estes iões afetam e são afetados pela proteína tau, APP e APOE. Alguns estudos revelaram existir um risco acrescido de desenvolver Alzheimer na presença de alguns fatores ambientais como a ingestão de metais, sobretudo de alumínio. No entanto, a qualidade de alguns destes estudos tem sido alvo de críticas, e outros estudos concluíram que não existe qualquer relação entre estes fatores ambientais e o desenvolvimento de Alzheimer. Alguns investigadores levantaram também a hipótese do cobre na dieta poder desempenhar algum papel de causa.

Outra hipótese sustenta que a doença possa ser causada pela desagregação da mielina no cérebro devido à idade, processo que liberta ferro e provoca ainda mais lesões. Os processos homeostáticos de reparação da mielina contribuem para o desenvolvimento de depósitos proteicos, como os beta amiloides ou a proteína tau. Tem também sido proposto que o tipo 1 do vírus da herpes simplex desempenha um papel de causa em pessoas portadoras de versões susceptíveis do gene APOE. O stress oxidativo pode também ter um papel significativo na formação da doença.

As pessoas com Alzheimer revelam uma perda de 70% das células do cerúleo, as quais para além de serem neurotransmissoras, fornecem noradrenalina, um agente anti-inflamatório nos microambientes em volta dos neurônios, das células da glia e dos vasos sanguíneos no neocórtex e no hipocampo. Demonstrou-se também que a noradrenalina estimula a micróglia de ratos a suprimir a produção de citocinas induzidas por Aβe a fagocitose de Aβ. Isto sugere que a degeneração do cerúleo pode ser responsável pelo aumento da deposição de Aβ no cérebro de pessoas com a doença.

Fatores de risco
O fumo de tabaco é um fator de risco significativo de Alzheimer. Os marcadores sistêmicos do sistema imune inato são também fatores de risco para o Alzheimer de aparecimento tardio. Existem também evidências conjeturais de que a exposição à poluição do ar possa constituir um fator para o desenvolvimento de Alzheimer. Embora alguns estudos tenham sugerido que os campos eletromagnéticos de Frequência extremamente baixa possam aumentar o risco de Alzheimer, as revisões posteriores sustentam que esta hipótese requer investigações epidemiológicas e laboratoriais.

Fisiopatologia:

Neuropatologia
A doença de Alzheimer é caracterizada pela perda de neurônios e sinapses no córtex cerebral e em determinadas áreas subcorticais. Esta perda provoca a atrofia das áreas afetadas, incluindo degeneração no lobo temporal, no lobo parietal e em partes do lobo frontal e do giro do cíngulo. A degeneração ocorre também nos núcleos do tronco cerebral, como o cerúleo. Os estudos com IRM e TEP documentam diminuições no tamanho de determinadas áreas do cérebro à medida que a doença evolui de défice cognitivo ligeiro para Alzheimer, em comparação com imagens semelhantes de idosos saudáveis.

Tanto as placas amiloides como os novelos neurofibrilares são claramente observáveis ao microscópio no cérebro de pessoas com Alzheimer. As placas são depósitos densos e praticamente insolúveis de peptídeos beta amiloides e material celular no exterior e em redor dos neurônios. Os novelos são agregados de proteína tau associada aos microtúbulos que se tornou hiperfosforilada e se acumulou no próprio interior das células. Embora alguns idosos possam desenvolver placas e novelos devido ao processo de envelhecimento, o cérebro de pessoas com Alzheimer apresenta um número muito superior em áreas específicas, como no lobo temporal.[90] Os corpos de Lewy não são incomuns em pessoas com Alzheimer.

Bioquímica
A doença de Alzheimer é uma proteopatia, ou seja, uma doença caracterizada por anomalias no enovelamento de proteínas. É causada pela acumulação no cérebro de placas de proteínas beta amiloide e tau de enovelamento anômalo. As placas são constituídas por pequenos peptídeos com 39-43 aminoácidos de comprimento, denominados beta amiloides (Aβ). Os beta amiloides são fragmentos de uma proteína maior denominada proteína precursora de amiloide (APP), uma proteína transmembranar que penetra a membrana dos neurônios. A APP é essencial para o crescimento, sobrevivência e reparação de lesões dos neurônios. Na doença de Alzheimer existe um processo desconhecido que faz com que a APP se divida em fragmentos menores de enzima ß através de proteólise. Um destes fragmentos dá origem a fibrilos de beta amiloide, que formam grupos que se depositam no exterior dos neurônios em formações densas conhecidas como placas senis.

A doença de Alzheimer também é considerada uma taupatia, devido à agregação anormal de proteína tau. Cada neurônio tem um citoesqueleto, uma estrutura interna de suporte constituída parcialmente por estruturas denominadas microtúbulos. Estes microtúbulos atuam como carris, orientando os nutrientes e as moléculas do corpo das células para as extremidades dos axônios e vice-versa. A proteína tau estabiliza os microtúbulos quando fosforilada, pelo que é denominada proteína associada aos microtúbulos. Na doença de Alzheimer, a proteína tau sofre alterações químicas, tornando-se hiperfosforilada, e começa a associar-se com outros novelos, cria novelos neurofibrilares e desintegra o sistema de transporte dos neurónios.

Mecanismo da doença
Ainda não se conhece de forma precisa como é que as alterações na produção e agregação dos peptídeos beta amiloides dão origem à patologia de Alzheimer. A hipótese amiloide geralmente aponta para a acumulação de peptídeos beta amiloides como o evento central que desencadeia a degeneração de neurônios. A acumulação de agregados de fibrilos, os quais se acredita serem a forma tóxica da proteína responsável pela interferência com a homeostase de íons de cálcio da célula, induz morte celular programada. Também se sabe que o Aβ se acumula na mitocôndria das células de cérebros de Alzheimer, também inibindo determinadas funções enzimáticas e a utilização de glicose pelos neurônios.

Existem diversos processos inflamatórios e citocinas que também têm um papel na patologia da doença de Alzheimer. A inflamação é um marcador genérico de lesões no tecido em qualquer doença, e pode ser secundária às lesões no tecido em Alzheimer ou uma resposta imunitária. Têm também sido descritas alterações na distribuição de diferentes fatores neurotróficos e na expressão dos seus receptores, como o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF).

Diagnóstico:

O diagnóstico da doença de Alzheimer é geralmente baseado na observação comportamental e no historial clínico da pessoa e respetivos familiares. O diagnóstico é apoiado pela presença de características neurológicas e neuropsicológicas e pela exclusão de outras hipóteses. A exclusão de outras patologias cerebrais ou outros subtipos de demência pode ser auxiliada por diversas técnicas de imagiologia médica, como a tomografia computadorizada (TAC), ressonância magnética (IRM), tomografia computorizada por emissão de fóton único (SPECT) ou tomografia por emissão de pósitrons (TEP). Estas técnicas permitem ainda prever a evolução de estágios pródromos (déficit cognitivo ligeiro) para a doença de Alzheimer.

O estado da doença pode ser caracterizado em maior profundidade através da avaliação das funções intelectuais, entre as quais a avaliação da memória. Várias organizações médicas têm vindo a criar critérios de diagnóstico com o intuito de padronizar e facilitar o processo de diagnóstico. O diagnóstico pode ser confirmado com elevado grau de precisão através de um exame histológico ao tecido cerebral após a morte.

Critérios
Os critérios internacionais mais utilizados no diagnóstico de demência são os propostos pelo Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-IV-TR). Estes critérios definem demência como o desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos que incluem obrigatoriamente o compromisso da memória a curto prazo e pelo menos outra perturbação cognitiva, como perturbações na linguagem, incapacidade de executar determinados movimentos, incapacidade de reconhecer objetos ou pessoas ou perturbação na capacidade executiva. Os critérios determinam ainda que estes défices devem ser suficientemente graves para terem repercussão a nível funcional e que devem representar um declínio em relação a um estado anterior.

Para o diagnóstico específico da doença de Alzheimer, os critérios mais utilizados internacionalmente são os do Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Americana de Psiquiatria (DSM-IV-TR, 2000) e os critérios de Alzheimer NINCDS-ADRDA, extensivamente revistos em 2007. Os critérios NINCDS-ADRDA especificam que a presença de défices cognitivos deve ser confirmada com exames neuropsicológicos de modo a poder determinar um diagnóstico para a possível ou provável presença da doença de Alzheimer. Especificam ainda que o diagnóstico definitivo só é possível mediante uma análise histopatológica, incluindo um exame microscópico ao tecido cerebral (autópsia ou biópsia). Tanto os critérios NINCDS-ADRDA como os DSM-IV-TR especificam os oito domínios cognitivos que são debilitados pela doença de Alzheimer: memória, linguagem, percepção, atenção, capacidades construtivas, orientação, resolução de problemas e capacidades funcionais.

Exames
Os exames de rastreio neuropsicológico podem auxiliar o diagnóstico de Alzheimer. Nestes exames, é pedido às pessoas que copiem desenhos semelhantes aos da imagem, memorizem palavras, leiam ou subtraiam números. Na avaliação de déficits cognitivos, uma das ferramentas mais amplamente utilizadas são os exames neuropsicológicos, como o exame breve do estado mental. No entanto, para obter resultados mais precisos é necessário um conjunto de exames, especialmente durante os estágios iniciais da doença. Os exames neurológicos são também fundamentais no diagnóstico diferencial de Alzheimer em relação a outras doenças.

No diagnóstico podem também ser realizadas entrevistas com os familiares. Os cuidadores podem fornecer informações importantes sobre as capacidades quotidianas ou sobre a diminuição das capacidades mentais da pessoa. O ponto de vista do cuidador é particularmente importante, uma vez que a pessoa com Alzheimer muitas vezes não está consciente das suas próprias debilidades. Em muitos casos, a própria família também tem dificuldade em se aperceber dos sintomas iniciais de demência e pode não transmitir informação precisa ao médico.

Os exames complementares disponibilizam informação adicional sobre algumas características da doença e são também usados para despistar outros diagnósticos. Os exames ao sangue permitem identificar outras causas de demência que não Alzheimer, causas essas que em alguns casos podem ser reversíveis. É também vulgar a realização de exames à função da tireoide, à vitamina B12, à detecção de sífilis ou anemia, exames que permitam excluir problemas metabólicos, incluindo exames à função renal, níveis de eletrólitos e diabetes e ainda exames que permitam determinar a quantidade de metais pesados no organismo.

Podem também ser realizados testes psicológicos para determinar a possibilidade de depressão, uma vez que esta doença pode ser concorrente com Alzheimer, um sinal precoce de déficit cognitivo, ou até a própria causa.

Diagnóstico precoce
A investigação em Alzheimer tem se debruçado no diagnóstico da condição antes dos próprios sintomas se manifestarem, tendo sido desenvolvida uma série de exames bioquímicos que permitem a detecção precoce da doença. Um destes exames envolve a análise do líquido cefalorraquidiano para a presença de beta amiloides ou proteínas tau, tanto do total de proteínas como da concentração de proteínas tau181P fosforiladas. Este exame proteico, realizado através de punção lombar, pode prever o aparecimento de Alzheimer com sensibilidade entre 94 e 100%. Quando usado em conjunto com os exames imagiológicos, permite aos médicos identificar em pessoas com perda significativa de memória aqueles que se encontram a desenvolver a doença.

Prevenção:

Atualmente não existem evidências conclusivas que permitam apoiar qualquer medida em concreto para a prevenção de Alzheimer. Os estudos globais de medidas para prevenir ou retardar o desenvolvimento da doença produzem na maior parte das vezes resultados inconsistentes. Os estudos epidemiológicos têm proposto a existência de relações entre a probabilidade de desenvolver Alzheimer e determinados factores modificadores, como o tipo de dieta, o risco cardiovascular, produtos farmacêuticos ou atividades intelectuais, entre outros. No entanto, só uma investigação mais aprofundada, incluindo ensaios clínicos, é que pode confirmar se estes fatores podem ajudar a prevenir a doença.

Medicamentos
Embora os fatores de risco cardiovasculares, como a hipercolesterolemia, hipertensão arterial, diabetes ou o tabagismo, estejam associados a um maior risco de vir a desenvolver Alzheimer, as estatinas (fármacos para a diminuição do colesterol) não são eficazes na prevenção ou atraso da evolução da doença. O uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) está associado à diminuição da probabilidade de se vir a desenvolver Alzheimer. Os estudos humanos post mortem, em modelos animais ou investigação in vitro também apoiam a noção de que os AINEs são capazes de reduzir a inflamação relacionada com as placas amiloides. No entanto, os ensaios clínicos que investigaram o seu uso como tratamento paliativo não demonstraram resultados positivos, aparentemente porque a concentração de AINEs no cérebro após a administração oral é muito pequena. A terapia de substituição hormonal, embora tenha sido usada no passado, pode aumentar o risco de demência.

Estilo de vida

As atividades intelectuais, como ler, jogar jogos de tabuleiro, tocar instrumentos musicais e socializar regularmente estão associadas a uma diminuição do risco de Alzheimer em estudos epidemiológicos, embora não se tenha ainda descoberto uma relação causa-efeito.
As pessoas que se envolvem em atividades intelectuais, como a leitura, jogos de tabuleiro, palavras-cruzadas, toque de instrumentos musicais, ou que têm interação social de forma regular demonstram menor risco de vir a desenvolver doença de Alzheimer. Isto é consistente com a teoria da reserva cognitiva, que alega que determinadas experiências de vida levam a uma maior eficiência no funcionamento dos neurônios, o que faz com que o indivíduo seja dotado de uma reserva cognitiva que retarda o aparecimento das manifestações de demência. O nível de escolaridade retarda o desenvolvimento do síndrome de Alzheimer e não apresenta relação com a diminuição da esperança de vida após o diagnóstico. Aprender uma segunda língua, mesmo que durante a terceira idade, aparenta retardar o aparecimento da doença. A atividade física também está associada a um menor risco de Alzheimer.

Dieta
Os consumidores de dieta mediterrânica apresentam menor risco de vir a desenvolver Alzheimer, podendo até melhorar os resultados em pessoas com a doença. Por outro lado, os consumidores de dietas ricas em gorduras saturadas e hidratos de carbono simples apresentam maior risco. O mecanismo de ação proposto tem sido o efeito benéfico a nível cardiovascular da dieta mediterrânica. Diversos alimentos ricos em flavonoides, como o cacau, vinho tinto ou o chá, podem diminuir o risco de Alzheimer. No entanto, há poucas evidências que sustentem que o consumo ligeiro a moderado de álcool, em particular de vinho tinto, esteja associado a um menor risco de Alzheimer. Há evidências conjecturais de que a cafeína possa ser protetora.

Os estudos de revisão sobre o uso de vitaminas e sais minerais não encontraram evidências suficientemente consistentes que permitam a sua recomendação. Isto inclui a vitamina A, C, E, selênio, zinco e ácido fólico com ou sem vitamina B12. Para além disso, o consumo excessivo de vitamina E está associado a outros riscos de saúde. Os ensaios sobre o ácido fólico (vitamina B9) e outras vitaminas B não conseguiram demonstrar qualquer associação relevante com o declínio cognitivo. Em pessoas já com Alzheimer, acrescentar à dieta ácido docosa-hexaenoico, um ácido gordo ômega 3, não mostrou retardar o declínio da doença.

A curcumina não demonstra ter qualquer benefício em seres humanos, embora haja evidências conjecturais em animais. Há evidências inconsistentes e pouco convincentes de que o ginkgo tenha qualquer efeito positivo no défice cognitivo ou na demência. Também não há evidências concretas de que os canabinoides sejam eficazes na melhoria dos sintomas de Alzheimer ou demência. No entanto, alguma investigação em fase inicial mostra ser promissora.

Tratamento:

Não existe cura para a doença de Alzheimer. Existem diversos tratamentos que proporcionam alívio relativo dos sintomas, embora sejam de natureza paliativa. Os tratamentos atuais podem ser divididos em farmacológicos, psicossociais e a nível de cuidados de saúde.

Medicamentos

Modelo molecular da donepezila, um inibidor da acetilcolinesterase usado no tratamento de sintomas de Alzheimer

Estrutura molecular da memantina, um medicamento aprovado para sintomas avançados de Alzheimer
Atualmente são usados cinco medicamentos no tratamento dos problemas cognitivos de Alzheimer: quatro são inibidores da acetilcolinesterase (tacrina, rivastigmina, galantamina e donepezila), sendo o outro um antagonista dos receptores de NMDA (memantina). No entanto, os benefícios da sua utilização são pouco significativos.

A diminuição da atividade dos neurônios colinérgicos é uma característica bem compreendida da doença de Alzheimer. Os inibidores da acetilcolinesterase são usados para reduzir a velocidade a que a acetilcolina (ACh) é fragmentada, aumentando assim a concentração de ACh no cérebro e combatendo a perda de ACh provocada pela morte dos neurônios colinérgicos. Existem evidências da eficácia destes medicamentos em casos leves a moderados da doença, e algumas evidências durante a fase avançada. Só a donozepila é que está aprovada para o tratamento da demência avançada de Alzheimer. A utilização destes fármacos no défice cognitivo ligeiro não demonstrou ter qualquer efeito no atraso do aparecimento de Alzheimer. As reações adversas mais comuns são náuseas e vômitos, ambos ligados ao excesso colinérgico. Estas reações adversas manifestam-se em cerca de 10-20% dos utilizadores, a sua gravidade é entre leve e moderada e podem ser controladas através do ajuste gradual das doses de medicação. Entre os efeitos secundários menos comuns estão cãibras musculares, diminuição do ritmo cardíaco, diminuição do apetite e do peso e aumento da produção de ácido gástrico.

O glutamato é um neurotransmissor excitatório do sistema nervoso, embora uma quantidade excessiva no cérebro possa provocar a morte das células através de um processo denominado excitotoxicidade, o qual consiste na sobre-estimulação dos receptores de glutamato. A excitotoxicidade ocorre não só na doença de Alzheimer, como também noutras doenças neurológicas como na doença de Parkinson e na esclerose múltipla. A memantina é um antagonista dos receptores de NMDA não competitivo, inicialmente usado no tratamento de gripe. Atua no sistema glutamatérgico bloqueando os receptores NMDA e inibindo a a sobrestimulação pelo glutamato.[175] A memantina é moderadamente eficaz no tratamento de Alzheimer moderada a grave. No entanto, os seus efeitos nas fases iniciais da doença são ainda desconhecidos. As reações adversas com memantina são pouco frequentes e leves, incluindo alucinações, confusão, tonturas, dores de cabeça e fadiga. A combinação de memantina e donozepila tem demonstrado ser estatisticamente significante, mas de eficácia clínica marginal.

Os fármacos antipsicóticos têm alguma utilidade na diminuição da agressividade e psicose em pacientes de Alzheimer com problemas comportamentais, mas estão também associados a reações adversas graves, como acidentes vasculares cerebrais, dificuldades de movimento ou declínio cognitivo, o que não permite o seu uso como tratamento de rotina. A sua utilização prolongada está associada ao aumento da mortalidade.

Terapias e abordagens comunicacionais

As intervenções psicossociais são usadas de forma complementar à terapêutica farmacológica e podem ser divididas em abordagens ao comportamento, emoções, cognição ou estimulação. No entanto, a investigação disponível sobre a sua eficácia raramente é específica para Alzheimer, focando-se na demência de uma forma geral.

As intervenções ao nível do comportamento tentam identificar e reduzir os antecedentes e as consequências de comportamentos problemáticos. Embora esta abordagem não demonstre eficácia em melhorar a função geral, pode ajudar a diminuir problemas comportamentais específicos, como incontinência urinária. Para outros problemas, como o comportamento errante, não existem ainda dados de qualidade sobre a eficácia destas técnicas.

As intervenções de abordagem emocional incluem a terapia de reminiscência, a terapia de validação, psicoterapia de apoio, a terapia de integração sensorial e a terapia de presença simulada. Embora existam poucos ou nenhuns estudos científicos formais sobre a psicoterapia de apoio, alguns médicos consideram que tenha alguma utilidade em ajudar pessoas com défices moderados a adaptar-se à doença. A terapia de reminiscência envolve a discussão de experiências passadas, individualmente ou em grupo, muitas vezes com a ajuda de fotografias, objetos domésticos, música e gravações ou qualquer objeto do passado que seja familiar ao doente. Embora haja poucos estudos de qualidade sobre a eficácia desta terapia, é possível que seja benéfica para a cognição e ânimo. A terapia de presença simulada baseia-se nas teorias de vinculação e envolve a reprodução de uma gravação com as vozes dos familiares mais próximos da pessoa com Alzheimer. Existem evidências parciais de que esta terapia pode diminuir as atitudes provocadoras. A terapia de validação alega que a ansiedade da pessoa pode ser reduzida caso se tente entrar na sua realidade, em vez de a tentar trazer à nossa realidade, reduzindo assim o número de conflitos, enquanto que a terapia de integração sensorial baseia-se em exercícios destinados a estimular os sentidos. No entanto, não há evidências científicas que apoiem a utilidade destas terapias.

As intervenções de abordagem cognitiva, nas quais se inclui a terapia de orientação da realidade e terapia de reabilitação cognitiva, propõem-se a diminuir os défices cognitivos. A terapia de orientação da realidade consiste em apresentar informações sobre o tempo, local ou pessoa de modo a facilitar a compreensão do doente em relação ao que está à sua volta e ao seu lugar nela. Por outro lado, a terapia de reabilitação cognitiva tenta melhorar as capacidades debilitadas através do exercício das capacidades mentais. Ambos têm demonstrado alguma eficácia em melhorar as capacidades cognitivas, embora em alguns dos estudos estes efeitos fossem transitórios e também tivessem sido indicados alguns efeitos negativos, como a frustração.

Os tratamentos de estimulação cognitiva incluem a arte terapia, musicoterapia, terapia assistida com animais, fisioterapia ou outro tipo de atividades recreativas. Há poucas evidências que apoiem a eficácia da estimulação na melhoria do comportamento, ânimo ou funções. No entanto, embora estes efeitos sejam importantes, o principal apoio para o recurso às terapias de estimulação são as alterações positivas na rotina diária do paciente.

Prestação de cuidados

A tarefa de cuidar do idoso precisa ser dividida e compartilhada com outros membros da família e profissionais de saúde para não sobrecarregar uma só pessoa.
Uma vez que a doença de Alzheimer não tem cura e o paciente vai gradualmente perdendo a capacidade de cuidar de si próprio, o tratamento passa principalmente pela prestação de cuidados. Durante os estádios leve e moderado, determinadas alterações ao meio envolvente e ao estilo de vida podem aumentar a segurança do paciente e reduzir os encargos para os cuidadores. Entre estas alterações estão a adesão a rotinas simplificadas, a instalação de fechaduras de segurança, a rotulagem de artigos domésticos ou a utilização de objetos quotidianos modificados.

Os pacientes podem eventualmente tornar-se incapazes de se alimentar a si próprios, o que exige que os alimentos sejam cortados em bocados mais pequenos ou ralados. É comum que as pessoas com Alzheimer comecem a ter problemas com a alimentação, devido às dificuldades em engolir, redução do apetite ou dificuldade em reconhecer a comida. Os prestadores e familiares muitas vezes pedem para que o paciente possa ser alimentado através de um tubo de alimentação. No entanto, não há evidências de que este método ajude as pessoas em fase avançada de demência a ganhar peso, recuperar forças ou que melhore a qualidade de vida, podendo até aumentar o risco de pneumonia por aspiração. O uso de restrições físicas raramente é indicado, qualquer que seja a fase da doença, embora haja situações em que é necessário para impedir que o paciente se magoe a si ou aos cuidadores.

À medida que a doença avança podem surgir diversos problemas médicos, como doenças dentais, escaras, má-nutrição, infeções oculares, problemas de higiene, respiratórios e de pele. As boas práticas na prestação de cuidados podem prevenir muitos destes problemas, embora quando surjam seja necessário tratamento profissional. Durante a fase final da doença, o tratamento centra-se no alívio do desconforto até à morte.

Prognóstico:

É difícil diagnosticar a doença de Alzheimer durante os primeiros estágios. O diagnóstico definitivo geralmente só consegue ser determinado quando o défice cognitivo compromete a realização de atividades diárias, embora a pessoa possa continuar a viver de forma independente. Os sintomas progridem desde ligeiros problemas cognitivos, como perda de memória, até estágios avançados de distúrbios cognitivos e não cognitivos que impossibilitam que o paciente viva sozinho, especialmente durante a fase final da doença.

A esperança de vida da população com Alzheimer é reduzida. A esperança média de vida após o diagnóstico é de aproximadamente sete anos. Menos de 3% das pessoas vive para além dos quatorze anos. Apesar de nos casos de Alzheimer precoce a média da esperança de vida ser superior, é bastante mais reduzida quando comparada com a generalidade da população. O prognóstico de sobrevivência é menos favorável em homens do que em mulheres.

A doença é a causa de morte subjacente em 70% dos casos. A pneumonia e a desidratação são as mais frequentes causas de morte imediata. As características da doença associadas a esta reduzida sobrevivência são o agravamento do défice cognitivo, a diminuição das capacidades executoras, a ocorrência de quedas e transtornos neurológicos.

Epidemiologia:

As duas principais medidas usadas em estudos epidemiológicos sobre Alzheimer são a incidência e a prevalência. A incidência é o número de novos casos por cada unidade de pessoa-tempo em risco; geralmente, o número de novos casos por cada milhar de pessoas-ano. A prevalência é o número total de casos da doença em determinada população a dado momento. No que diz respeito à incidência, os estudos longitudinais Coorte (estudos onde a população sem a doença é seguida ao longo dos anos) mostram taxas de incidência entre 10 a 15 por cada mil pessoas-ano para todas as demências e entre 5-8 para os casos específicos de Alzheimer, o que significa que mais de metade de todos os novos casos anuais de demência são Alzheimer. A idade avançada é o principal fator de risco da doença, pelo que a taxa de incidência não é igual em todas as idades: por cada cinco anos após os 65 anos, o risco de adquirir a doença duplica, em média. Existem também diferenças entre os sexos na taxa de incidência, uma vez que as mulheres apresentam maior risco de desenvolver Alzheimer, principalmente acima dos 85 anos. Existe uma relação inversamente proporcional entre a prevalência de demência e a escolaridade. Nos indivíduos com oito anos ou mais de escolaridade a prevalência é de 3,5%, enquanto que nos analfabetos é de 12,2%.

A prevalência de Alzheimer em determinada população depende de diversos fatores, entre os quais a incidência e a taxa de sobrevivência. Uma vez que a incidência de Alzheimer aumenta com a idade, é especialmente importante considerar a média de idades da população a estudar. Em Portugal e durante o ano de 2009, a Alzheimer Europe estima que existam cerca de 153 000 pessoas com demência, das quais 90 000 com Alzheimer. No Brasil, em 2009, o número total de casos era de cerca de um milhão. Nos Estados Unidos, segundo dados de 2000, estima-se que a prevalência seja de 1,6% no intervalo entre os 65 e 74 anos, aumentando para 19% no intervalo de 75-84 e para 42% no intervalo superior a 84 anos. Em regiões menos desenvolvidas, as taxas de prevalência são inferiores.[218] A Organização Mundial de Saúde estima que em 2005 0,379% das pessoas em todo o mundo tivessem demência, número que aumentará para 0,441% em 2015 e para 0,556% em 2030, conclusões que são confirmadas por outros estudos. Outro estudo estimou que em 2006 0,4% da população mundial (intervalo entre 0,17–0,89%) fosse atingida por Alzheimer, o que corresponde a um número absoluto de 26,6 milhões (intervalo 11,4–59,4 milhões). Estima-se também que em 2050 a taxa de prevalência será três vezes superior e o número absoluto de casos quatro vezes superior.

História:

Já na Antiguidade clássica os médicos e filósofos gregos e romanos associavam a progressão da demência à idade avançada. No entanto, só em 1901 é que o psiquiatra alemão Alois Alzheimer identificou pela primeira vez um caso da patologia que viria a ser denominada doença de Alzheimer, numa mulher de cinquenta anos a que chamava Auguste D. O médico seguiu a paciente até à sua morte, em 1906, data em que publicou o primeiro relatório sobre o caso. Durante os cinco anos seguintes, foram reportados na literatura médica onze casos semelhantes, alguns dos quais referindo-se já à doença pelo termo Alzheimer. A doença foi pela primeira vez descrita como condição autônoma por Emil Kraepelin, depois de ter suprimido algumas das características clínicas (alucinações) e patológicas (alterações arterioescleróticas) do relatório original de Auguste D.[224] Kraepelin incluiu a doença de Alzheimer, também denominada por si "demência pré-senil", na oitava edição do seu Manual de Psiquiatria, publicado em 15 de julho de 1910.

Durante a maior parte do século XX, o diagnóstico de Alzheimer era reservado para indivíduos entre os 45 e 65 anos de idade que desenvolviam sintomas de demência. No entanto, esta terminologia foi alterada em 1977 após numa conferência se ter concluído que as manifestações patológicas da demência senil e pré-senil eram praticamente idênticas, embora os autores também tenham acrescentado que isto não excluía a hipótese de terem diferentes causas.[226] Isto levou a que o diagnóstico de Alzheimer se tornasse independente da idade. Durante algum tempo usou-se o termo "demência senil do tipo Alzheimer" para descrever a condição em pacientes com idade superior a 65 anos, enquanto que o termo "doença de Alzheimer" era usado para as pessoas com idade inferior. Finalmente, o termo "doença de Alzheimer" foi adotado pela nomenclatura clínica para descrever indivíduos de todas as idades com um quadro de sintomas, evolução e neuropatologia em comum.

Sociedade e Cultura:

Custos sociais
A demência, e especificamente a doença de Alzheimer, está entre as doenças com maiores custos sociais na Europa e nos Estados Unidos, sendo também cada vez maior noutros países como a Argentina ou a Coreia do Sul. Estes custos têm tendência a aumentar com o envelhecimento da população, tornando-se cada vez mais um problema social. Os custos associados à doença de Alzheimer incluem despesas médicas diretas, como as despesas com enfermagem ou apoio domiciliário, despesas médicas indiretas, como a estadia em centros de dia, e custos indiretos, como a perda de produtividade não só do paciente como do prestador de cuidados. Embora os números difiram entre os vários estudos, o custo da demência à escala global foi estimado em cerca de 160 mil milhões de dólares.

A principal fonte dos custos sociais é a prestação de cuidados de saúde a longo prazo por profissionais de saúde e, em particular, o internamento em instituições, o qual corresponde a dois terços dos custos. O custo de vida na residência é igualmente muito elevado, sobretudo quando são também contabilizados os custos para a família, como o tempo investido na prestação de cuidados ao doente e a perda de rendimento daí decorrente. Os custos aumentam à medida que aumenta a gravidade da doença e a presença de distúrbios comportamentais, estando também relacionados com o aumento progressivo do tempo exigido para os cuidados físicos. Desta forma, qualquer tratamento que atrase o declínio cognitivo, que atrase o internamento ou que reduza o número de horas na prestação de cuidados traz benefícios a nível econômico. As avaliações econômicas dos tratamentos atuais demonstraram resultados positivos.

Encargos para os cuidadores

Em muitos casos, é o cônjuge ou um familiar próximo quem assume o papel de principal cuidador. Os cuidadores são responsáveis pela manutenção da segurança física, redução da ansiedade e agitação, melhoria da comunicação, promoção da independência nas atividades de autocuidado, atendimento das necessidades de socialização e privacidade, manutenção da nutrição adequada, controlo dos distúrbios do padrão de sono e transporte para serviços de saúde, além das inúmeras atividades diárias de cuidados domésticos. A doença tem um impacto significativo para os cuidadores, a nível social, psicológico, físico e econômico. Os pacientes e a família geralmente preferem o apoio domiciliário. Esta opção também atrasa ou elimina a necessidade de tratamentos profissionais e de maior custo econômico.

Os cuidadores de pacientes com demência estão susceptíveis a uma elevada prevalência de transtornos mentais e físicos. Entre os fatores de risco que contribuem para esta prevalência estão a presença da pessoa cuidada em casa, o fato do paciente ser o cônjuge e determinados comportamentos do paciente que exigem elevada atenção, como depressão, distúrbios de comportamento, alucinações, problemas de sono ou isolamento social. Em relação aos problemas econômicos, os familiares cuidadores muitas vezes abdicam de tempo no emprego, acompanhando em casa o paciente, em média, 47 horas por semana. Nos Estados Unidos, os custos diretos e indiretos do acompanhamento em casa de um paciente com Alzheimer variam entre 18.000$ e 77.500$ por ano. A terapia cognitivo-comportamental e o ensino de estratégias de coping, quer individualmente quer em grupo, têm demonstrado alguma eficácia na melhoria da saúde mental dos cuidadores.

Investigação:

Tratamentos
À data de 2014, foram ou estavam a ser investigados mais de 400 possíveis tratamentos farmacológicos em mais de 1500 ensaios clínicos à escala mundial, cerca de um quarto dos quais na última fase antes de revisão pelas entidades reguladoras. Uma das principais áreas de investigação clínica foca-se no tratamento da patologia da doença. Um dos objetivos mais comuns dos compostos atualmente em investigação, como no caso da apomorfina, é a diminuição da quantidade de beta amiloides. Em estudo encontra-se também a imunoterapia ou vacinação contra a proteína amiloide. Ao contrário da vacinação de prevenção, esta terapia seria usada no tratamento de pessoas já diagnosticadas e baseia-se no conceito de treino do sistema imunitário para reconhecer, atacar e reverter a deposição de amiloide, invertendo o curso da doença. Uma destas vacinas é o bapineuzumab, um anticorpo desenhado para ser idêntico ao anticorpo anti-amiloide natural.

Entre outras abordagens estão os agentes neuroprotetores, como o AL-108, e os agentes de atenuação das interações proteína-metal, como o PBT2. O etanercepte, uma proteína de fusão bloqueadora dos receptores TNFα, mostrou resultados promissores. Verificou-se que o vírus da herpes (HSV-1) se implantava no mesmo local das placas de amiloide, o que sugere a possibilidade da doença de Alzheimer ser tratada ou prevenida com medicamentos antivirais.

Em 2008, dois ensaios distintos demonstraram resultados positivos na alteração do curso da doença em Alzheimer leve a moderada após a administração de cloreto de metiltionínio (marca comercial "Rember"), um fármaco que inibe a agregação de proteína tau, e latrepirdina (marca "Dimebon"), um anti-histamínico.[252] Os ensaios de fase III com Dimebon não conseguiram demonstrar efeitos positivos. A investigação com metiltionínio demonstrou que a biodisponibilidade de metiltionínio era afetada pela alimentação e acidez do estômago, levando a dosagens inesperadamente variáveis. Estão em ensaios de fase III novas fórmulas, como o pró-fármaco LMTX.

Alguns estudos indicam que a utilização prolongada de Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) por pessoas com doenças crônicas pode oferecer alguma proteção contra a demência. A relação pode ter origem em várias substâncias pró-inflamatórias envolvidas na fisiopatologia da doença e diretamente presentes em placas neuríticas, assim como pela ação direta de certos anti-inflamatórios sobre a clivagem de proteína precursora de amiloide. O ibuprofeno e a indometacina - mas não o naproxeno, o celecoxib ou o ácido acetilsalicílico - demonstraram reduzir os níveis de Aβ acima de 80% em culturas celulares. Como nem todos os anti-inflamatórios não esteroides apresentaram esse efeito, acredita-se que essa redução ocorra por um processo independente da atividade anti-inflamatória sobre a ciclo-oxigenase.

A empresa de fármacos Eli Lilly divulgou em 2015 os primeiros resultados de testes clínicos com a droga Solanezumab, que reduz a taxa de progressão da doença de Alzheimer. Caso seja aprovada em futuros testes, a droga poderá ser a primeira a efetivamente reduzir a progressão do Alzheimer. Também em 2015, Dr. Bence Gyorgy, do Massachusetts General Hospital e Xandra Breakefield estavam trabalhando com ratos de laboratório, em um esforço para desenvolver abordagens baseadas CRISPR para tratar Alzheimer e para corrigir uma forma genética da surdez.

Meios de diagnóstico

Em pessoas já com demência, a tomografia computorizada por emissão de fotão único (SPECT) aparenta ser superior a distinguir a doença de Alzheimer de outras causas possíveis, em comparação com os convencionais testes mentais e análise do histórico clínico. Os avanços nesta área levaram a que fossem propostos novos critérios de diagnóstico. A ressonância magnética volumétrica permite detetar alterações no tamanho das regiões do cérebro. A medição das regiões que sofrem atrofia durante a evolução da doença de Alzheimer é promissora enquanto indicador de diagnóstico e pode vir a ser menos dispendiosa do que outros métodos imagiológicos atualmente em estudo. Embora o composto B de Pittsburgh ainda se encontre em investigação, um radiofármaco semelhante para tomografia por emissão de positrões, denominado florbetapir, foi recentemente aprovado nos Estados Unidos para o diagnóstico de Alzheimer.

Demência com corpos de Lewy (DCL) muitas vezes confundida com a doença de Alzheimer:

É uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta idosos caracterizado pelo acúmulo de proteínas anormais (alfa-sinucleína) nas células do cérebro, chamados de corpos de Lewy. É a 3ª demência mais comum, representando 10% dos diagnósticos, depois do mal de Alzheimer(55% dos casos) e da demência vascular(25% dos casos). Foi descoberta pelo dr. Frederick H. Lewy, um colega de trabalho do dr.Alois Alzheimer em 1912.

Seus sintomas são similares aos do mal de Parkinson e do mal de Alzheimer, sendo frequentemente confundido com algum deles antes de um exame confirmatório.

Causas:
Não existe qualquer evidência de que a Demência de Corpos de Lewy seja uma doença hereditária. Os corpos de Lewy são estruturas de localização intracitoplasmática em forma circular e eosinofílicos(tipicamente rosados ao microscópio).
Sinais e Sintomas:
Os principais sintomas variam durante o dia, agravando a cada ano, e incluem:

- Declínio da capacidade de memória e raciocínio - Confusão mental e desorientação que varia significativamente de um momento do dia para outro - Parkinsonismo - Alucinações visuais ou auditivas - Delírios - Problemas para interpretar informação visual - Distúrbios do sono REM
Estágios
Apresenta 3 estágios:

O primeiro estágio é caracterizado por esquecimento leve, alguns episódios de tremor, alguns períodos rápidos de delírios e falta de iniciativa no dia-a-dia.
O segundo estágio é caracterizado pelo declínio das funções cognitivas (memória, linguagem, orientação no tempo e no espaço) e aparecem delírios (como paranoia, pessimismo exagerado) e alucinações auditivas e visuais. Aumenta a frequência de quedas e outros acidentes.
O terceiro estágio, é a fase avançada, com maior frequência e intensidade dos delírios e alucinações, da agitação e confusão mental. Não toleram o uso de neurolépticos (Haldol, Neozine, Melleril...).

Diagnóstico:
O diagnóstico inicial é feito pelo médico, através do exame clínico e psicotécnico. O diagnóstico confirmatório é feito através da biópsia cerebral, da anatomia patológica, geralmente apenas após a morte.

Os corpos de Lewy podem ser identificados por microscopia com coloração com a hematoxilina-eosina ou por meio de método imunocitoquímico, com anti-ubiquitina. Podem estar também fora de neurônios e apresentar formas ovoides ou alongadas. Do ponto de vista histológico, são classificados em CL clássicos e CL corticais. O termo CL clássicos é aplicado para as estruturas com o centro hialino circundado por um halo claro, normalmente observadas em neurônios da substância nigra e do locus ceruleus. Os CL corticais são estruturas pouco definidas, sem halo claro e encontradas em neurônios corticais. Embora menos freqüentes, os neuritos de Lewy (NL) possuem uma significância semelhante aos CL para o diagnóstico patológico da DCL e são formados por prolongamentos neuronais dilatados, contendo inclusões fusiformes ou ovoides.

Tratamento:
Não existe cura ou tratamento que impede o avanço da degeneração, sendo essencialmente sintomático e galantamina, um inibidor da acetilcolinesterase, diminui os episódios de alucinações, problemas do sono e declínio da memória e atenção. É necessário acompanhamento constante por um cuidador, que estimule o idoso com exercícios físicos e mentais diários e cuide de sua alimentação, com muitas frutas e legumes. Deve-se, além disso, cortar o tabaco e bebidas alcoólicas.

O tratamento com neurolépticos para resolver as alucinações devem ser usados com cautela, já que frequentemente aumentam os sintomas motores e cognitivos. Antidepressivos melhoram o humor e diminuem a ansiedade e clonazepam pode ser usado para transtornos do sono REM.

Casos Famosos:
Robin Williams, diagnosticado pós-mortem, seus médicos acreditam que as alucinações paranoicas influenciaram sua depressão, ansiedade e suicídio.

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Anemia falciforme ou Drepanocitose
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Anemia_falciforme


É uma doença hereditária caracterizada pela mal formação das hemácias, que assume forma semelhante a foices, causando deficiência no transporte de oxigênio e gás carbônico nos indivíduos acometidos pela doença. É mais comum em África, na Europa mediterrânea, no Oriente Médio e na Índia.

A expectativa de vida é encurtada, em média, aos 42-45 anos e as complicações da patologia estão presentes na maioria dos casos.

Causa:

A presença da anemia falciforme, é determinada por uma quantidade elevada de hemácias deformadas. Em indivíduos normais, as células de transporte de gases, hemácias (também conhecidas como eritrócitos ou glóbulos vermelhos), têm forma arredondada côncava e flexível, e possuem em si moléculas de hemoglobina,que são responsáveis por fazer as ligações gasosas. Essa constituição permite que essas células consigam executar sua função mesmo através dos mais finos capilares.
A formação dessa hemoglobina, determinada por um par genético no cromossomo 11, muda nos indivíduos falciformes. Neles, há a presença de ao menos um gene mutante, que leva o organismo a produzir a hemoglobina S (HbS). Essa hemoglobina é devida à substituição de um único nucleotídeo que altera o códon do sexto aminoácido da B-Globina de ácido glutâmico para valina (GAA → GUA: Glu6Val),pois a mutação ocorre no DNA, depois deste ser transduzido A homozigosidade para esta mutação é a causa dessa anemia falciforme. Um heterozigoto tem uma mistura dos dois tipos de hemoglobinas, A (HbA) e S (HbS), além de um tetrâmero híbrido de Hemoglobina. Ela consegue transportar o oxigênio mas, quando o mesmo passa para os tecidos, as moléculas da sua hemoglobina se aglutinam em formas gelatinosas de polímeros, também chamadas tatóides, que acabam por distorcer as hemácias, que se tornam duras e quebradiças devido às mudanças na sua membrana.

Quando recebem novamente o oxigênio, podem ou não reganhar seu formato: após algum tempo, por não suportar bem modificações físicas, a hemoglobina pode manter a forma gelatinosa permanentemente e, consequentemente, a deformação que ela gera. Nessa forma, sua vida útil se extingue mais rapidamente, o que pode vir a causar anemia hemolítica (ou comum). Contudo, ao contrário da anemia comum, não há tratamento definitivo para a forma falciforme. O gene causador desse último problema tem uma relação de co-dominância com o gene normal. Assim, há indivíduos portadores de uma forma branda e de uma forma severa da mesma doença.

Doença Falciforme:

A anemia falciforme obedece a um modelo de herança tipo autossômica recessiva. É chamado portador de anemia falciforme o paciente que apresenta o gene da hemoglobina S (HbS) em homozigose e portador do traço falcêmico o indivíduo que apresenta o gene da HbS em heterozigose (HbS - HbA).

Observe-se porém que existe expressão clínica patológica caso o gene HbS se apresente em qualquer heterozigotia mista, que não a combinação com a hemoglobina mais frequente (HbA) caracterizando o portador normal traço falcêmico. Na combinação do gene HbS com genes determinantes de variantes da hemoglobina (HbC; HbD) ou de hemoglobinas anômomalas causadoras de outras formas de anemia hereditária tipo a talassemia Caso o gene HbS temos o que se denomina Doença Falciforme (SC; SD; S-talassemia, etc.) com sintomatologia semelhante, ou mais grave a da anemia falciforme.

Sinais e Sintomas:

Há a presença de alguns dos sintomas clássicos da anemia, causados pela falta e ineficiência de hemácias como:

- Fadiga(cansaço);
- Astenia(fraqueza);
- Palidez (principalmente nas conjuntivas e mucosas).

Há, contudo, a presença de uma gama de sintomas característicos da anemia falciforme aguda, que são causados pelo aumento da viscosidade sanguínea, que é a aglomeração de hemácias comprometidas. Por causa disso, pode haver formação de trombos (coágulos) nas mais diversas áreas do organismo, com défice do transporte sanguíneo para a área. Em regiões musculares ou conjuntivas, isso pode causar crises de dor intensa.

Concomitantemente a isso, há um aumento do número de hemácias comprometidas, uma vez que a acidose e a deficiência de oxigênio facilita a deformação permanente. Pode causar também hemorragia, descolamento retiniano, priapismo, acidente vascular cerebral, enfarte, calcificações em ossos com dores agudas, insuficiência renal e pulmonar, dependendo da fase de vida. Nas mãos e nos pés principalmente das crianças, pode haver tumefacção causado pela obstrução de vasos naquelas áreas, também acompanhado de dor. Pode ainda ocasionar uma maior suscetibilidade à infecções.

Epidemiologia:

No ocidente, a prevalência é de cerca de 1 em cada 5000, mas em áreas endêmicas da Índia, Arabia Saudita e Nigéria a prevalência varia entre 2 e 22,2%. Nessas regiões é comum encontrar pessoas resistentes a doença, produzindo maior quantidade de hemácias saudáveis.

Em 2001, 90% sobreviviam até os 20 anos e 50% até os 50 anos, sendo muitas das mortes causadas por outras doenças endêmicas da região, como malária e AIDS.

Relação com a Malária:

Os portadores da anemia falciforme são geralmente mais resistentes à malária do que as pessoas que não têm essa deficiência. Isso ocorre pois os protozoários Plasmodium necessariamente se reproduzem no interior das hemácias humanas e as hemácias danificadas do indivíduo falciforme não são adequadas a esse tipo de função, mesmo quando exposto ao vetor da doença, o mosquito Anopheles contaminado.

Tratamento:

A única cura para a anemia falciforme é o transplante de medula óssea. Este tratamento, no entanto, foi realizado em um número relativamente grande de pacientes ao redor do mundo, com maior taxa de sucesso entre crianças. Ainda é necessário um número maior de estudos e a determinação de características clínicas que permitam indicar o transplante com maior segurança. Alguns trabalhos experimentais tem sido feitos com terapia gênica.

Do ponto de vista clínico, o uso de hidroxiuréia, um quimioterápico inibidor da ribonucleotidase vem se revelando útil, por diminuir o número de episódios dolorosos e síndrome torácica aguda. Esta medicação atua por diversos meios, aumentando hemoglobina fetal, diminuindo leucócitos e reticulócitos aderentes ao endotélio e elevando os níveis de óxido nítrico. O uso de hidroxiuréia deve ser feito com supervisão médica, pelo risco de depressão da função da medula óssea e infecções. Além disso os usuários não podem engravidar durante seu uso pelo risco de teratogenicidade para o feto. A experiência clínica de 25 anos com esta medicação não revelou aumento da chance de câncer em seus usuário e trabalhos recentes sugerem aumento da sobrevida dos pacientes.

São realizadas transfusões durante exacerbações da anemia. Pacientes com complicações graves, como acidente vascular cerebral, são submetidos a regimes regulares de transfusão sanguínea ou exsanguineo-transfusão, em geral a cada 28 dias. Pacientes neste regime tendem a acumular ferro no organismo (hemossiderose), o que pode ser controlado com o uso de substâncias quelantes. Se o ferro não for adequadamente quelado pode se depositar em órgãos como fígado e coração trazendo outras complicações.

Durante crises, deve ser administrada hidratação intravenosa e analgesia preferencialmente com opioides. É sugerido que o uso de dolantina, um dos opioides endovenosos, seja evitado, pelo risco maior de dependência.Toda crise dolorosa tem de ser avaliada como prenúncio de complicações graves, como a síndrome torácica aguda. O tratamento deve evitar hiper-hidratação e hiper-sedação e privilegiar a fisioterapia respiratória.

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Anencefalia
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Anencefalia


A anencefalia é uma má formação rara do tubo neural, caracterizada pela ausência parcial do encéfalo e da calota craniana, proveniente de defeito de fechamento do tubo neural nas primeiras semanas da formação embrionária.

Ao contrário do que o termo possa sugerir, a anencefalia não caracteriza casos de ausência total do encéfalo, mas situações em que se observam graus variados de danos encefálicos. A dificuldade de uma definição exata do termo "baseia-se sobre o fato de que a anencefalia não é uma má-formação do tipo 'tudo ou nada', ou seja, não está ausente ou presente, mas trata-se de uma má-formação que passa, sem solução de continuidade, de quadros menos graves a quadros de indubitável anencefalia. Uma classificação rigorosa é, portanto quase que impossível".

Na prática, a palavra "anencefalia" geralmente é utilizada para caracterizar uma má-formação fetal do cérebro. Nestes casos, o bebê pode apresentar algumas partes do tronco cerebral funcionando, garantindo algumas funções vitais do organismo.

Trata-se de patologia letal. Bebês com anencefalia possuem expectativa de vida muito curta, embora não se possa estabelecer com precisão o tempo de vida que terão fora do útero. A anomalia pode ser diagnosticada, com certa precisão, a partir das 12 semanas de gestação, através de um exame de ultra-sonografia, quando já é possível a visualização do segmento cefálico fetal.

O risco de incidência aumenta 5% a cada gravidez subsequente. Inclusive, mães diabéticas têm seis vezes mais probabilidade de gerar filhos com este problema. Há, também, maior incidência de casos de anencefalia em filhos de mães muito jovens ou nas de idade avançada. Uma das formas de prevenção mais indicadas é a ingestão de ácido fólico antes e durante a gestação.

Embriologia:

A anencefalia é um dos três principais defeitos do tubo neural (DTN). Os outros são a encefalocele e a mielomeningocele. Os defeitos do tubo neural resultam de uma falha no fechamento do tubo neural que ocorre entre 25 e 27 dias após a concepção.

Epidemiologia:

Nos Estados Unidos, a anencefalia ocorre em 1 a cada 10.000 nascimentos.[4] A malformação é mais comum em meninas, brancos e em mães nos extremos de idade. A taxa de anencefalia em nascidos vivos provavelmente subestima a real taxa de ocorrência da doença, pois diversos casos de aborto espontâneo são causados por fetos afetados que não chegam a receber o diagnóstico.

A prevalência ao nascimento diminuiu nos Estados Unidos após a suplementação obrigatória de alimentos com ácido fólico, que iniciou em janeiro de 1998.

Sinais e Sintomas:

Um recém-nascido com anencefalia geralmente é cego, surdo, inconsciente e incapaz de sentir dor. Embora alguns indivíduos com anencefalia possam nascer com um tronco encefálico, a falta de um cérebro funcionante descarta a possibilidade de vir a ter consciência e ações reflexas, como a respiração e respostas aos sons ou toques.

Diagnóstico:

A anencefalia frequentemente pode ser diagnosticada no pré-natal através de um exame de ultrassom. O diagnóstico ultrassonográfico tem alta acurácia e é baseado na ausência do cérebro e da calota craniana. Outra característica que pode ser observada na ultrassonografia é a polidramnia, que ocorre em até 50% dos casos durante o 2º e 3º trimestres de gestação devido à menor deglutição do feto.

A dosagem de alfafetoproteína (AFP) sérica materna e o ultrassom fetal são úteis para rastreio de defeitos do tubo neural como espinha bífida ou anencefalia.

Às vezes a anencefalia não é diagnosticada, pois o feto acaba evoluindo para aborto espontâneo. Em outros, principalmente em mulheres que não têm acesso ao pré-natal, a doença é diagnosticada apenas durante o parto.

Prognóstico:

Não existe cura ou tratamento padrão para a anencefalia e o prognóstico para estes pacientes é a morte. A maioria dos fetos não sobrevivem ao nascimento, o que corresponde a 55% dos casos não abortados. Quando a criança não é um natimorto (nasce sem vida), ela geralmente morre de parada cardiorrespiratória em poucas horas ou dias após o nascimento.

Entretanto, já existiram casos relatados de anencefalia que os pacientes sobreviveram até 2 anos após o nascimento.

Marcela de Jesus, caso raro e polêmico de diagnóstico de anencefalia que teve 20 meses de vida extra-uterina Em um caso que se tornou famoso no Brasil (ocorrido no Município de Patrocínio Paulista), uma criança diagnosticada como anencéfala viveu por um ano, oito meses e doze dias após o nascimento. A menina, batizada de Marcela de Jesus Galante Ferreira, nasceu no dia 20 de novembro de 2006 e morreu no dia 31 de julho de 2008. Marcela não tinha o córtex cerebral, apenas o tronco cerebral, responsável pela respiração e pelos batimentos cardíacos. A menina faleceu em consequência de uma pneumonia aspirativa.

O caso gerou divergências: alguns especialistas, baseados na deficiência de uma definição exata do termo "anencefalia", levantaram a hipótese de que a menina na verdade sofria de uma malformação do crânio (encefalocele), associada a um desenvolvimento reduzido do cérebro (microcefalia). Outros afirmam que o que houve, na verdade, foi uma forma "não clássica" de anencefalia, como avaliou a pediatra da menina, Márcia Beani Barcellos, profissional que mais acompanhou o caso. Segundo Márcia, a sobrevivência surpreendente de Marcela foi "um exemplo de que um diagnóstico não é nada definitivo".

Interrupção da Gravidez:

A interrupção da gravidez, também conhecida como aborto terapêutico, é permitida em casos de anencefalia em diversos países.

O Brasil autorizou em 2012 a realização do aborto terapêutico para fetos com anencefalia. Até então, grávidas com fetos com anencefalia precisavam de autorização judicial para realizar o aborto.

Segundo grupos contrários à manutenção da vida do feto com anencefalia, a interrupção da gravidez nestes casos diferiria do aborto por interromper o desenvolvimento de um feto que inevitavelmente morreria durante este processo, ou logo após o parto, enquanto o aborto interromperia o desenvolvimento de um bebê normal. A interrupção da gravidez seria um processo semelhante, neste caso, a tirar a vida de uma pessoa em estado terminal, a qual sabe-se que inevitavelmente irá morrer, mais cedo ou mais tarde - no caso da anencefalia, provavelmente muito cedo. Essa visão é, entretanto, contestada por grupos contrários ao aborto, que alegam que toda vida tem valor, independente de seu tempo de duração.

Um estudo realizado na Alemanha, onde o aborto terapêutico é permitido, demonstrou que as mães optam menos pela interrupção da gravidez em casos de anencefalia do que em casos de síndrome de Down (trissomia do 21) (5.642 abortos em 6.141 diagnósticos pré-natais de trissomia do 21 = 91,9%; 483 abortos de 628 casos de anencefalia = 76,9%; 358 abortos de 487 casos de espinha bífida = 73,5%).

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Síndrome de Angelman
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Angelman


É um distúrbio genético-neurológico nomeado em homenagem ao pediatra inglês Dr. Harry Angelman, que foi quem descreveu a síndrome pela primeira vez em 1965.

Caracteriza-se por atraso no desenvolvimento intelectual, dificuldades na fala, distúrbios no sono, convulsões, movimentos desconexos e sorriso frequente.

Além disso, é um exemplo clássico de imprinting genômico causado pela deleção ou inativação de genes críticos do cromossomo 15 herdado da mãe. Sua síndrome irmã é chamada de síndrome de Prader-Willi, sendo causada pela deleção de genes paternos.

Sintomas:

Principais
- Atraso do desenvolvimento, funcionalmente severo
- Incapacidade de falar, com nenhum ou quase nenhum uso de palavras
- A criança se comunica mais pela capacidade compreensão de seus atos do que pela expressão verbal
- Problemas de movimento e equilíbrio
- Crises convulsivas
- É observado o atraso no crescimento do perímetro cefálico em 80% dos casos, ocorrendo microcefalia em torno dos dois anos de idade
- Incapacidade de coordenação dos movimentos musculares voluntários ao andar e/ou movimento trêmulo dos membros
- Frequente qualquer combinação de riso e sorriso, com uma aparência feliz - embora este sorriso permanente seja apenas uma expressão motora
- Personalidade facilmente excitável, com movimentos aleatórios das mãos, hipermotricidade e incapacidade de manter a atenção Atração/fascínio pela água

Associados
- Estrabismo
- Albinismo da pele e dos olhos
- Hipersensibilidade ao calor
- Mandíbula e língua proeminentes
- Dentes espaçados
- Comportamento excessivo de mastigação
- Problemas para dormir e com a alimentação durante a infância

Tratamento:

Não há tratamento disponível para os portadores da Síndrome de Angelman, sendo possível apenas suporte clínico ou psicossomático, procurando amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.

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Aniridia ou Síndrome de Hunter
Fonte: http://www.infoescola.com/doencas/aniridia/


O termo aniridia refere-se à ausência da íris, estrutura mais visível e colorida do olho dos vertebrados.

Comumente esta condição é bilateral, podendo ser genética ou esporádica. No primeiro caso, o gene afetado é o PAX6, situado na região AN2 do braço curto do cromossomo 11 (11p13), responsável por comandar uma cascata de outros processos genéticos envolvidos no desenvolvimento ocular.

A forma genética é transmitida de forma autossômica dominante (raramente autossômica recessiva), enquanto que na esporádica podem ser encontradas mutações na região WT1 adjacente à região aniridia AN2, levando a uma neoplasia denominada nefroblastoma (tumor de Wilms). Também é comum observar nesses pacientes alterações geniturinárias, atraso mental (síndrome de WARG) e ataxia cerebelar (síndrome de Gillespie).

Além das condições anteriormente citadas, outras podem estar associadas à aniridia, como:

- Fotofobia, que pode levar à cefaleia;
- Nistagmo;
- Glaucoma;
- Catarata;
- Queratopatia;
- Deslocamento da retina;
- Mácula;
- Desordens do nervo óptico.

A aniridia afeta de 1:40.000 a 1:100.000 indivíduos nascidos vivos, acometendo ambos os sexos igualmente. A aniridia esporádica ocorre em 1 a cada 3 casos desta condição.

A confirmação do diagnóstico é alcançada por meio do teste genético.

Quando a criança é diagnosticada com aniridia, alguns cuidados devem ser tomados, como controle oftalmológico regular, ultrassonografia regular dos rins e acompanhamento terapêutico especializado em crianças deficientes visuais.

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ARTRITE REUMATÓIDE
Fonte: http://www.minhavida.com.br/saude/temas/artrite-reumatoide

É uma doença inflamatória crônica que geralmente afeta as pequenas articulações das mãos e dos pés. A artrite reumatoide afeta o revestimento de suas articulações, causando um inchaço doloroso que pode, eventualmente, resultar em erosão óssea e deformidade articular.

Uma doença autoimune, a artrite reumatoide ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente os tecidos do seu próprio corpo. Além de causar problemas de articulações, a artrite reumatoide, por vezes, pode afetar outros órgãos do corpo – tais como pele, olhos, pulmões e vasos sanguíneos.

Embora a artrite reumatoide seja mais comum em pessoas entre 35 e 55 anos, ela pode acontecer em qualquer faixa etária, da infância à terceira idade. A doença é mais prevalente entre mulheres, sendo de quatro a cinco vezes mais comum no sexo feminino. Ocorre em cerca de 1% da população, ou seja, uma em cada 100 pessoas pode ter a doença.

Causas:

A causa da artrite reumatoide é desconhecida. É uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunológico do corpo ataca os tecidos saudáveis por engano. Infecções, genes, mudanças hormonais e fatores ambientais, como o cigarro, podem estar relacionados com a doença.

Fatores de Risco:

O aparecimento da artrite reumatoide decorre de vários fatores, incluindo predisposição genética, exposição a fatores ambientais e possivelmente infecções.

A causa mais importante é a tendência genética. Acredita-se que alguns genes possam interagir com os outros fatores causais da doença. Mas não é nada absoluto - existe apenas uma chance maior de se ter a doença comparando-se com alguém que não tem nenhum caso na família.

É sabido que pessoas que fumam tem grande chance de desenvolver a doença, a qual pode ocorrer mesmo com fumantes passivos. Outros fatores de exposição ambiental, como os poluentes do tipo sílica, também podem predispor à doença.

Fatores hormonais também estão relacionados com artrite reumatoide e isso justifica o fato da doença ocorrer mais em mulheres e apresentar melhora clínica no período da gravidez.

Sintomas:

A artrite reumatoide pode iniciar com apenas uma ou poucas articulações inchadas, quentes e dolorosas, geralmente acompanhada de rigidez para movimentá-las (artrite e sinovite). Isso ocorre principalmente pela manhã e que pode durar horas até melhorar.

Artrite corresponde à inflamação de algum dos componentes da estrutura articular (cartilagem articular, osso sub condral ou membrana sinovial). Sinovite é a inflamação da membrana sinovial, uma estrutura que envolve a articulação por dentro. E, geralmente, se manifesta por vermelhidão, inchaço, calor, dificuldade de movimento e dor. O cansaço (fadiga) também é uma manifestação frequente.

Artrite reumatoide tende a afetar as articulações menores em primeiro lugar - especialmente as articulações que unem os dedos para as mãos e os dedos dos pés. Conforme a doença progride, os sintomas muitas vezes se espalham para os joelhos, tornozelos, cotovelos, quadris e ombros. Na maioria dos casos, os sintomas ocorrem nas mesmas juntas em ambos os lados do seu corpo. As mãos são acometidas em praticamente todos os pacientes.

Fique atento:

Dor, inchaço e aumento da temperatura nas articulações
Rigidez matinal, que pode durar horas
Caroços firmes de tecido sob a pele em seus braços (nódulos reumatoides)
Fadiga, febre e perda de peso.
Sinais e sintomas de artrite reumatoide podem variar em termos de gravidade e podem ser intermitentes (aparecer e desaparecer).
Períodos de maior atividade da doença, chamados crises, se alternam com períodos de remissão relativa - quando o inchaço e a dor desaparecem ou ficam menos frequentes.

Na consulta médica:

Quando você discutir seus sintomas com o médico, ele ou ela pode encaminhá-lo para um reumatologista, que é um especialista no tratamento de artrite e outras condições inflamatórias, para uma avaliação mais aprofundada. Você pode chegar ao consultório com uma lista contendo alguns tópicos importantes, como:

Descrições detalhadas de seus sintomas
Informações sobre problemas de saúde que você teve no passado
Informações sobre os problemas de saúde de seus pais ou irmãos
Todos os medicamentos e suplementos dietéticos que você toma
Perguntas que você quer fazer ao médico.

O seu médico pode pedir algumas das seguintes perguntas:

Quando os sintomas começaram?
Eles sofreram alterações ao longo do tempo?
Que articulações são afetadas?
Quais atividades tornam seus sintomas melhores ou piores?
Seus sintomas interferem nas tarefas diárias?

Diagnóstico:

O diagnóstico da artrite reumatoide é clínico, ou seja, se baseia na história clínica e no exame físico feito pelo médico. Mas, alguns exames complementares, de sangue ou de imagem, podem ser úteis, incluindo as provas que medem atividade inflamatória, fator reumatoide, anticorpo antipeptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP), radiografias das articulações acometidas e, eventualmente, ultrassonografia ou ressonância das juntas, em caso de dúvida. Outros exames podem ser necessários para afastar outras doenças, dependendo de cada caso.

No paciente com artrite reumatoide existe uma reação do organismo contra ele mesmo em algum momento da doença. Na maioria dos pacientes com artrite reumatoide é possível identificar anticorpos dirigidos contra componentes do próprio organismo (autoanticorpos) que acabam servindo como marcadores da doença. Os dois mais importantes são chamados "fator reumatoide" e "anti-CCP". Existem pacientes que apresentam os dois autoanticorpos, outros apresentam apenas um dos dois e há aqueles pacientes que são negativos para estes autoanticorpos - cerca de 20 a 30% dos pacientes são negativos para estes dois autoanticorpos e, em geral, apresentam uma doença mais benigna.

A classificação da artrite reumatoide era essencialmente baseada nos critérios introduzidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR) em 1987(tabela 1), que não apresentavam bom desempenho na doença em seu estágio inicial. Os critérios classificatórios para artrite reumatoide do ACR foram desenvolvidos com base em indivíduos com AR de longa duração, e eram considerados até então o padrão para a seleção de pacientes para estudos clínicos:

Rigidez matinal: rigidez matinal com duração de pelo menos uma hora até a melhora máxima
Artrite de três ou mais áreas articulares: ao menos três áreas articulares simultaneamente afetadas, observadas pelo médico (interfalangeanas proximais, metacarpofalangeanas ou “nós dos dedos das mãos”, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos e metatarsofalangeanas ou “nós dos dedos dos pés”)
Artrite das articulações das mãos: artrite em punhos ou metacarpofalangeanas (nós dos dedos da mãos) ou interfalangeanas proximais (entre as falanges da mão)
Artrite simétrica: envolvimento simultâneo de áreas de ambos os lados do corpo
Nódulos reumatoides: nódulos subcutâneos sobre proeminências ósseas, superfícies extensoras ou em regiões justa-articulares Fator reumatoide sérico positivo: presença de quantidades anormais de fator reumatoide
Alterações radiográficas: radiografias póstero-anteriores de mãos e punhos demonstrando rarefação óssea justa-articular ou erosões.

Os critérios listados acima incluem características menos frequentes na artrite reumatoide de início recente, como alterações radiográficas (erosões) e nódulos reumatoides. Dessa forma, as diretrizes do Colégio Americano de Reumatologia são consideradas sub ótimas para a identificação de indivíduos com artrite reumatoide inicial.

Por isso, tornou-se necessário o estabelecimento de novos critérios de classificação para a artrite reumatoide, enfocando, de maneira especial, a fase precoce da doença. Os novos critérios classificatórios ACR/EULAR (Liga Europeia contra o Reumatismo) podem ser aplicados a qualquer paciente, desde que dois requisitos básicos estejam presentes:

Deve haver evidência de sinovite clínica ativa (inflamação que se manifesta por vermelhidão, inchaço, calor, dificuldade de movimento e dor) no momento do exame em pelo menos uma articulação
Pacientes para os quais a sinovite não possa ser melhor explicada por outros diagnósticos, como lúpus eritematoso sistêmico, artrite psoriásica e gota. Se houver dúvidas quanto aos diagnósticos diferenciais relevantes um reumatologista deve ser consultado.
Os critérios propostos na tabela abaixo se baseiam em um sistema de pontuação por meio de um escore de soma direta. As manifestações são divididas em quatro domínios: acometimento articular, sorologia, duração dos sintomas e provas de atividade inflamatória. A contagem de articulações acometidas pode utilizar métodos de imagem (ultrassonografia e ressonância magnética), em caso de dúvida. Uma pontuação maior ou igual a seis classifica um paciente como tendo artrite reumatoide.

É importante frisar que, se o paciente apresentar uma história compatível com AR, mesmo que não documentada, e erosões radiográficas típicas, pode-se proceder diretamente a classificação como artrite reumatoide, independente do preenchimento dos critérios.

Os novos critérios 2010 não são diagnósticos, e sim classificatórios. Sua função é basicamente definir populações homogêneas para finalidade de estudo. O diagnóstico clínico é extremamente complexo, e inclui diversos aspectos que dificilmente poderiam ser resumidos na forma de um escore de critérios. Eventualmente, os critérios formais podem servir como um guia para o estabelecimento do diagnóstico clínico.

Para o diagnóstico da artrite reumatoide, o paciente deve satisfazer a pelo menos quatro dos sete critérios. Os critérios um até o quatro devem estar presentes por, no mínimo, seis semanas - essa informação está deslocada - ela se refere aos critérios de 1987. Segundo os critérios 2010, uma pontuação superior a seis classifica o indivíduo como tendo artrite reumatoide. Os critérios classificatórios para artrite reumatoide de 2010 pela ACR/EULAR são:

Acometimento articular (0-5)

1 grande articulação
2-10 grandes articulações
1-3 pequenas articulações (grandes não contadas)
4-10 pequenas articulações (grandes não contadas)
>10 articulações (pelo menos uma pequena).
Sorologia (0-3)

Fator Reumatoide negativo E ACPA negativo
FR positivo OU ACPA positivo em baixos títulos
FR positivo OU ACPA positivo em altos títulos
Duração dos sintomas (0-1)

abaixo de 6 semanas
igual ou mais do que 6 semanas.
Provas de atividade inflamatória (0-1)

PCR normal E VHS normal
PCR anormal
VHS anormal.

Tratamento:

Não há cura para a artrite reumatoide. Os medicamentos podem reduzir a inflamação nas articulações, a fim de aliviar a dor e prevenir ou retardar o dano articular. Terapia ocupacional e fisioterapia pode ensiná-lo a proteger suas articulações, que podem precisar de cirurgia se forem muito danificadas.

Medicamentos

Muitos medicamentos usados para tratar a artrite reumatoide têm efeitos colaterais potencialmente graves. Os médicos geralmente prescrevem medicamentos com menos efeitos colaterais em primeiro lugar. Você pode precisar de medicamentos mais fortes ou uma combinação de drogas conforme a sua doença progride.

Anti-inflamatórios não esteroides: esses medicamentos podem aliviar a dor e reduzir a inflamação. O ideal é ministra-los apenas com indicação médica. Os efeitos colaterais podem incluir um zumbido nos ouvidos, irritação do estômago, problemas cardíacos e do fígado e danos nos rins.

Esteroides: medicamentos corticosteroides, como a prednisona, podem reduzir a inflamação, dor e lesões articulares. Os efeitos colaterais podem incluir redução da densidade dos ossos, catarata, ganho de peso e diabetes. Os médicos prescrevem frequentemente um corticosteroide para aliviar sintomas agudos, com o objetivo de, gradualmente, diminuir a medicação. O uso prolongado de esteroide é evitado, em função dos graves eventos adversos decorrentes do uso prolongado Drogas antirreumáticas sintéticas: esses medicamentos podem retardar a progressão da artrite reumatoide e guardar as articulações e outros tecidos de danos permanentes. Os mais comuns incluem metotrexato, leflunomida, hidroxicloroquina e sulfassalazina. Os efeitos secundários variam, mas podem incluir danos no fígado, supressão da medula óssea e infecções pulmonares graves.

Drogas antirreumática biológicas: são utilizadas em situações específicas, em que não há resposta adequada com o uso de drogas sintéticas. Nessa classe, há as drogas inibidoras do fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), que é uma substância inflamatória produzida pelo organismo. Inibidores de TNF-alfa podem ajudar a reduzir dor, rigidez matinal e inchaço nas articulações. Exemplos incluem o etanercepte, infliximabe, adalimumabe, golimumabe e certolizumabepegol. Há ainda outras drogas biológicas, com outros mecanismos de ação, como o abatacepte e rituximabe. Os potenciais efeitos colaterais incluem risco aumentado de infecções graves.

Imunossupressores: esses medicamentos são utilizados em caso de manifestações extra-articulares, incluindo manifestações pulmonares e vasculites.

Fisioterapia

Você pode fazer tratamento com um fisioterapeuta ou fisiatra, que lhe ensinará exercícios para ajudar a manter as articulações flexíveis. O profissional pode também sugerir novas maneiras de fazer tarefas diárias, para aliviar as articulações. Por exemplo, se seus dedos estão doloridos, você pode pegar um objeto usando os antebraços.

Existem também dispositivos auxiliares que podem tornar as atividades mais fáceis e evitar a dor nas articulações. Por exemplo, uma faca de cozinha equipada com uma alça de serra ajuda a proteger seus dedos e articulações do pulso.

Cirurgia

Se os medicamentos não conseguem prevenir ou retardar o dano articular, você e o médico podem considerar a cirurgia para reparar articulações danificadas. Ela também pode reduzir a dor e corrigir deformidades. A cirurgia da artrite reumatoide pode envolver um ou mais dos seguintes procedimentos:

Substituição total da articulação: quadril e joelho são as articulações mais frequentemente substituídas em pessoas com artrite reumatoide. As estruturas danificadas são levadas para fora e uma articulação artificial ou prótese é colocada no lugar com os devidos cuidados e, dependendo de fatores como a condição da pessoa física, nível de atividade e peso corporal, a vida de uma articulação substituída pode ser mais 20 anos. Após este ponto, uma segunda cirurgia é necessária (cirurgia de revisão), que é mais difícil. Portanto, o momento da cirurgia de substituição articular é fundamental.

Sinovectomia: é a remoção do revestimento do conjunto anormal para impedi-la de corroer a cartilagem e osso. Apesar de eficaz, eventualmente, o revestimento das articulações (membrana sinovial) pode voltar a crescer e a cirurgia pode ter de ser repetido Artrodese: é a cirurgia que une dois ou mais ossos para que as articulações não possam mais se mover. Felizmente hoje a cirurgia é cada vez mais rara e já praticamente em desuso, diante das novas modalidades terapêuticas. O procedimento é indicado apenas para aqueles pacientes com gravidade que estão respondendo aos tratamentos utilizados.

Medicamentos:

Os medicamentos mais usados para o tratamento de artrite reumatoide são:

Cetoprofeno
Prednisona
Predsim
Profenid
Decadron
Dexametasona
Diclofenaco sódico
Prednisolona
Meloxicam.

Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

Prognóstico:

Você pode tomar medidas para cuidar de seu corpo se você tem artrite reumatoide. Estas medidas de autocuidado, quando usadas junto com os seus medicamentos para artrite reumatoide, pode ajudar você a gerenciar seus sinais e sintomas:

Atenção para a carteirinha de vacinação

Se estar imunizado é importante para a população como um todo, nos portadores de artrite reumatoide isso é uma regra! A vacinação garante que o paciente mantenha o sistema imunológico fortalecido e reduz a ocorrência de algumas doenças infecciosas, que podem piorar o quadro como um todo. No entanto, a vacinação da pessoa com artrite deve ter algumas ressalvas. Vacinas de vírus vivo, como febre amarela, não devem ser utilizadas em pacientes com doença em atividade e em uso de imunossupressores. A dose da medicação do paciente também pode levar a uma interrupção do calendário de vacinação, tendo em vista que a resposta a vacina pode ser insatisfatória. Além disso, algumas vacinas fora do calendário oficial podem ser indicadas para alguns pacientes antes deles começarem classes de medicações específicas.

Faça exercícios

A fisioterapia e prática de exercícios ajudam a corrigir e prevenir a perda ou a limitação do movimento articular, a atrofia e a fraqueza muscular e a instabilidade das articulações. Isso porque músculos mais fortes ajudam a proteger a articulação inflamada pela doença autoimune. Deve-se priorizar exercícios com menor grau de impacto articular e voltado para fortalecimento muscular e alongamentos, sempre acompanhado por profissionais da área e observando as limitações individuais.

No início, a reabilitação pode ser feita com exercícios isométricos (feitos com a contração muscular sem o movimento do membro) e, posteriormente, com exercícios isotônicos (que envolvem a mesma contração muscular, mas agora com o movimento), introduzindo lentamente exercícios com carga. Após um período de 12 a 16 semanas, dependendo da evolução de cada paciente, é possível iniciar exercícios de fortalecimento.

Durma bem

É sabido que o sistema imunológico sofre influência do ciclo sono - e nesse sentido, o paciente com artrite reumatoide se beneficia muito de uma noite bem dormida, pois o organismo entra em equilíbrio e foge de problemas como estresse, gripes, resfriados ou alterações na pressão arterial. A higiene do sono também é fundamental para o bom controle sintomático da doença. Entretanto, alguns portadores podem sentir dificuldades para dormir por conta das dores, ficando com o sono quebrado em várias partes ou então pegando no sono muito tarde. Em ocasiões como essa, pode se fazer necessário um cochilo da tarde, que não deve exceder o período de uma hora para não atrapalhar o processo fisiológico do sono.

Controle seu peso

Manter um peso adequado é fundamental para quem tem artrite reumatoide por diversos motivos. Inicialmente, o sobrepeso por si pode causar uma sobrecarga mecânica, e acelerar o processo de degeneração das articulações - contribuído para a piora do quadro. Além disso, a artrite reumatoide isoladamente aumento o risco de doenças do coração, e a obesidade associada aumentaria ainda mais as chances a doença nesse paciente. A obesidade também pode favorecer problemas como hipertensão, diabetes e colesterol alto, que já são doenças comuns na pessoa com artrite independente de seu peso.

Mudanças em casa

Com a progressão das deformidades, pode ser difícil praticar algumas atividades simples, como abotoar uma camisa ou virar uma maçaneta. Por isso, é importante ficar atento e fazer pequenas modificações na mobília da casa e outros objetos para facilitar o máximo a convivência do paciente com a artrite reumatoide, a fim de que as dores não sejam tão frequentes e a as atividades menos debilitantes. Usar velcro no fecho das roupas, preferir maçanetas e torneiras em formato de cabo em vez das redondas, adaptadores para utensílios domésticos ou então aparelhos elétricos, como facas e escovas de dente, são altamente recomendados. Outro ponto importante é o risco de osteoporose, que é maior nos pacientes com artrite reumatoide. Por isso, além do acompanhamento médico e avaliação da densidade óssea constantes, a especialista recomenda que sejam feitas algumas adaptações na casa desse paciente, a fim de evitar quedas. Colocar barras no banheiro, preferir sabonetes líquidos (em vez da versão em barra, que pode escorregar e cair no chão) e evitar o uso de tapetes são medidas simples que previnem o problema.

Evite passar muito tempo na mesma posição

O repouso por período prolongado favorece o acúmulo de líquido no interior da articulação inflamada, levando a distensão dessa e ao aumento da sensibilidade dolorosa. Esse é um dos motivos pelo qual os pacientes geralmente pioram as dores pela manhã ao acordar. Como não dá pra alongar enquanto dormimos, o melhor a fazer é evitar passar horas sentado ou com os membros parados em uma mesma posição durante muito tempo. Se você vai viajar de carro ou avião, faça paradas ou levante-se do assento em alguns momentos, e enquanto estiver sentado procure movimentar e alongar as mãos, braços, pernas e pés. Se você trabalha em um escritório, procure alongar-se de tempos em tempos.

Tome as medicações indicadas pelo médico

O tratamento deve ser rigorosamente seguido sob pena de evolução da doença, e consequente destruição articular. O acompanhamento profissional periódico com adequação de medicações também faz parte do tratamento. Hoje basicamente o tratamento é baseado em imunossupressores, que diminuem a agressão do sistema imunológico contra as articulações e outras estruturas acometidas. Com o avanço das pesquisas e das novas tecnologias, os pacientes cada vez mais levam uma vida normal sem nenhuma limitação - entretanto, nada disso vale se você não seguir as recomendações médicas e tomar seus remédios à risca.

Expectativas

O estado da pessoa dependerá da gravidade dos sintomas. As pessoas que têm o fator reumatoide, o anticorpo anti-CCP ou nódulos subcutâneos parecem ter uma forma mais grave da doença. Aparentemente, as pessoas que desenvolvem artrite reumatoide com menos idade também pioram mais rapidamente.

A falta de tratamento adequado pode resultar em dano permanente na articulação. Entretanto, o tratamento precoce com muitos dos medicamentos recentes diminui a dor e o dano à articulação.

Complicações possíveis:

Artrite reumatoide pode levar a alterações em todas as estruturas das articulações, como ossos, cartilagens, cápsula articular, tendões, ligamentos e músculos que são os responsáveis pelo movimento articular. Dentre os achados tardios da AR que levam à incapacidade física para as atividades do dia a dia, podemos citar diversas alterações:

Desvio ulnar dos dedos ou "dedos em ventania": resultado de múltiplos fatores (ex. deslocamento dos tendões extensores dos dedos, subluxações das metacarpofalangeanas)
Deformidades em "pescoço de cisne": hiperextensão das interfalangeanas proximais e flexão das distais
"Mãos em dorso de camelo": aumento de volume do punho e das MCFs com atrofia interóssea
Joelhos valgos ou joelhos para dentro

Danos ao tecido pulmonar (pulmão reumatoide): pessoas com artrite reumatoide têm um risco aumentado de inflamação e formação de cicatrizes nos tecidos pulmonares, as quais podem conduzir à falta de ar progressiva
Maior risco de endurecimento das artérias
Lesão espinhal quando os ossos do pescoço são danificados
Inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite), o que pode levar a problemas com nervos, coração, cérebro ou pele
Edema e inflamação da camada exterior do coração (pericardite) e do músculo cardíaco (miocardite), que pode levar à insuficiência cardíaca.

O acometimento da coluna cervical com a subluxação atlanto-axial (deslocamento das primeiras vértebras da coluna cervical) pode ocasionar quadros mais graves. Geralmente, manifesta-se por uma dor que “caminha” para a região occipital (atrás da cabeça) e dificuldade para mexer o pescoço. A artrite reumatoide é uma doença que não atinge só as articulações, mas também pode inflamar os vasos, olhos, pulmões, coração e sistema nervoso (manifestações extra-articulares). As manifestações extra-articulares correlacionam-se com pior prognóstico.

Portanto, toda vez que alguém apresentar dor e inchaço nas articulações, principalmente se acompanhados de rigidez das articulações, ou seja, dificuldade de mexer as articulações após um período de repouso, deve-se procurar o médico, de preferência o reumatologista, que é o especialista mais habilitado para o diagnóstico e tratamento da artrite.

A artrite reumatoide em si, juntamente com alguns medicamentos usados no tratamento da artrite reumatoide, pode aumentar o risco de osteoporose - uma condição que enfraquece os ossos e os torna mais propensos a fraturas.

Se a artrite reumatoide afeta seus pulsos, a inflamação pode comprimir o nervo túnel do carpo, que serve a maior parte de sua mão e dedos.

Prevenção:

Não há formas de prevenção. O tratamento precoce adequado pode ajudar a prevenir danos adicionais às articulações.

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ASMA
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Asma

Um ataque de asma provoca o estreitamento das vias respiratórias e a produção de muco em excesso, o que torna a respiração difícil.

Asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas. Quando as vias aéreas inflamadas são expostas a vários estímulos ou fatores desencadeantes tornam-se hiper reativas e obstruídas, limitando o fluxo de ar através de bronco-constrição, produção de muco e aumento da inflamação. Entre os sintomas mais comuns estão a pieira recorrente, tosse com agravamento noturno, sensação de aperto no peito e dificuldade respiratória recorrente. Pensa-se que a asma tenha origem numa conjugação de fatores genéticos e ambientais. Entre os fatores desencadeantes mais comuns estão os alergênicos, como ácaros domésticos, baratas, pólen, pelo de animais e fungos, e diversos fatores ambientais, como o fumo de tabaco ativo e passivo, a poluição do ar, irritantes químicos, exercício físico e determinados fármacos como a aspirina.

A asma pode ser difícil de diagnosticar. Alguns dos sintomas de asma, como a dispneia aguda, o aperto torácico e a pieira, podem ser provocados por outras doenças. O diagnóstico é geralmente realizado com base no padrão dos sintomas, na comprovação da reversibilidade dos sintomas com broncodilatadores e nos resultados de exames de espirometria. A classificação clínica é feita de acordo com a frequência dos sintomas, do volume expiratório máximo no primeiro segundo e do débito expiratório máximo. A asma pode ser classificada como ligeira, moderada ou grave. As exacerbações ou crises agudas têm carácter episódico, embora a inflamação das vias aéreas seja crônica. As crises podem colocar a vida em risco, embora seja possível preveni-las. A gravidade da doença varia entre as pessoas e pode variar ao longo do tempo na mesma pessoa.

Embora não exista cura para a asma, é possível controlar a frequência e intensidade dos sintomas. A primeira medida é evitar a exposição aos factores desencadeantes. Se não for suficiente, geralmente recomenda-se o uso de medicação, preferencialmente por via inalatória. Existem dois tipos de medicação para o controlo de asma: os medicamentos para alívio rápido dos sintomas e das crises de asma, como os broncodilatadores de curta duração, e os medicamentos de ação preventiva a longo prazo que previnem o aparecimento de sintomas ou de crises, particularmente os anti-inflamatórios. Encontram-se disponíveis vários dispositivos de inalação, como inaladores pressurizados, inaladores de pó seco e nebulizadores. As câmaras expansoras reduzem os efeitos secundários locais dos corticosteroides inalados e facilitam o uso dos inaladores pressurizados, sobretudo por parte de crianças. Em casos graves podem ser necessários corticosteroides intravenosos, sulfato de magnésio ou hospitalização. A doença requer tratamento a longo prazo e para muitas pessoas implica a utilização de medicamentos preventivos para o resto da vida. A ocorrência de asma tem aumentado significativamente desde a década de 1970. Em 2011, foram diagnosticadas com asma entre 235 e 300 milhões de pessoas e a doença foi responsável pela morte de 250 000 pessoas.

Classificação

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias respiratórias caracterizada por sintomas diversos e recorrentes, obstrução reversível das vias respiratórias e broncoespasmo. A doença é classificada em termos clínicos de acordo com a frequência dos sintomas, do volume expiratório máximo no primeiro segundo (FEV1) e do débito expiratório máximo instantâneo (DEMI ou PEF). A asma pode também ser classificada como atópica (extrínseca) ou não atópica (intrínseca), com base no facto dos sintomas serem precipitados por alergênicos (atópicos) ou não (não-atópicos). Embora a asma seja classificada com base na sua gravidade, atualmente não existe um método claro para classificar os diferentes subgrupos de asma para além deste sistema. Um dos principais objetivos da investigação atual é encontrar métodos para identificar subgrupos que respondam de forma eficaz a diferentes tipos de tratamento.

Embora a asma seja uma condição obstrutiva crônica, não é considerada uma doença pulmonar obstrutiva crônica, já que este termo se refere especificamente a formas de doença que são irreversíveis, como a bronquiectasia, bronquite crônica ou o enfisema. Ao contrário destas doenças, a obstrução das vias respiratórias na asma é geralmente reversível. No entanto, se não for tratada, a inflamação crônica da asma pode levar a que os pulmões fiquem obstruídos de forma irreversível devido às alterações físicas nas vias respiratórias. Ao contrário do enfisema, a asma afeta os brônquios, e não os alvéolos pulmonares.

Exacerbação da asma

Uma exacerbação aguda de asma é vulgarmente denominada ataque ou crise de asma. Os sintomas clássicos são a falta de ar, pieira e sensação de aperto no peito. Embora estes sejam os principais sintomas de asma, nalgumas pessoas observa-se tosse e, em casos graves, a circulação de ar pode ser de tal forma afetada que deixa de se ouvir qualquer sibilo.

Entre os sinais que ocorrem durante um ataque de asma estão o uso de músculos de respiração acessórios (o músculo esternocleidomastoideo e os músculos escalenos do pescoço), pulso paradoxal e sobre-inflamação do peito. A falta de oxigênio pode posteriormente levar a que as unhas e a pele se apresentem azuladas.

Durante um ataque leve, o débito expiratório máximo instantâneo é superior a 200 L/min ou a 50% da melhor previsão. Durante um ataque moderado, o débito expiratório situa-se entre 80 e 200 L/min e 50% da melhor previsão. Um ataque grave corresponde a um débito expiratório inferior a 80 L/min e uma percentagem inferior a 25% da melhor previsão.

O branco espasmo grave, anteriormente denominado estado asmático, é uma exacerbação aguda de asma que não reage aos tratamentos comuns com broncodilatadores e corticosteroides. Metade dos casos devem-se à conjugação com outras infeções provocadas por alergênicos, poluição atmosférica ou mau uso de medicação.

Asma induzida por exercício

O exercício físico pode desencadear bronco constrição em pessoas com ou sem asma. Ocorre na maior parte das pessoas com asma e em cerca de 20% das pessoas sem asma. Entre os atletas, são os de alta competição que apresentam maior ocorrência, com percentagens entre os 3% no bobsleigh e os 50% no ciclismo ou os 60% no esqui de fundo. Embora possa ocorrer em qualquer condição atmosférica, é mais comum em tempo frio e seco. Os inaladores de agonistas adrenérgicos beta-2 não aparentam melhorar o desempenho atlético entre atletas sem asma, embora as doses de administração oral possam melhorar a resistência e a força.

Asma ocupacional

A asma enquanto resultado de, ou agravada por, exposição no local de trabalho é uma queixa comum entre as doenças ocupacionais. No entanto, muitos dos casos não são reportados ou reconhecidos como tal. Estima-se que entre a 5 e 25% dos casos de asma em adultos estejam relacionados com o trabalho, estando identificadas algumas centenas de fatores desencadeantes. Entre os mais comuns estão os isocianatos, poeira de cereais ou de madeira, breu, fundente de soldadura, látex, animais e aldeídos. Entre os empregos associados a um risco acrescido de eventuais problemas estão os pintores que manuseiem tinta de spray, padeiros e manuseadores de alimentos, enfermeiros, trabalhadores da indústria química, manuseadores de animais, soldadores, cabeleireiros e carpinteiros.

Sinais e sintomas

A asma é caracterizada por episódios recorrentes de pieira, falta de ar, sensação de aperto no peito e tosse. A tosse pode fazer com que o pulmão produza escarro. Durante o recobro de um ataque de asma o escarro pode-se apresentar semelhante a pus devido à elevada quantidade de glóbulos brancos denominados eosinófilos. Os sintomas geralmente agravam-se durante a noite e início da manhã, ou em resposta ao exercício físico ou ao ar frio. Algumas pessoas com asma raramente sentem sintomas e estes ocorrem apenas em resposta a fatores que a desencadeiam, enquanto outras podem apresentar sintomas persistentes e pronunciados.

Condições associadas

Existem diversas condições clínicas que ocorrem com maior frequência em asmáticos, entre elas a doença de refluxo gastroesofágico, sinusite e apneia do sono obstrutiva. Os transtornos psicológicos são também mais comuns, entre os quais os transtornos de ansiedade, que ocorrem entre 16 e 52% dos asmáticos, e os transtornos do humor, que ocorrem entre 14 e 41% dos asmáticos. No entanto, desconhece-se se é a asma que leva aos problemas psicológicos ou se são os problemas psicológicos que levam à asma.

Causas

A asma é provocada por uma combinação de interações genéticas e ambientais complexas que ainda não são compreendidas na totalidade. Estes fatores influenciam não só a gravidade da doença como também a receptividade ao tratamento. Acredita-se que o aumento recente da proporção de asmáticos seja devido a alterações epigenéticas (fatores de herdabilidade em vez dos relacionados com a sequência de ADN) e às alterações no ambiente quotidiano.

Ambientais

Os ácaros do pó estão entre os alergênicos mais comuns associados ao desenvolvimento e exacerbação de asma, a par de outros alergênicos, como pólen, fungos ou pelos de animais, e de outros factores ambientais como o fumo do tabaco, poluição do ar e produtos químicos.

Há diversos factores ambientais associados ao desenvolvimento e exacerbação da asma, entre os quais os alergênicos, poluição do ar e outros químicos no meio ambiente. Fumar durante a gravidez e no período pós-natal está associado a um maior risco de sintomas de asma. A fraca qualidade do ar, resultante de fatores como a poluição ou elevado nível de ozono, tem sido associada não só ao desenvolvimento de asma como também a uma cada vez maior gravidade da doença. A exposição em ambientes fechados a compostos orgânicos voláteis, como o formaldeído, pode também constituir um dos fatores que desencadeiam asma. Os ftalatos do PVC estão também associados à asma em crianças e adultos. Existe também uma associação entre o uso de paracetamol e a asma, embora não seja claro se tem algum papel no desenvolvimento da doença.

A asma está associada à exposição aos alergênicos de interior. Entre os alergênicos de interior mais comuns estão os ácaros do pó, baratas, pelos de animais, e bolor. Os vários métodos propostos para eliminação de ácaros do pó têm-se revelado pouco eficazes. Algumas infeções respiratórias virais, como as infeções provocadas pelos vírus sinciciais respiratórios e pelos rinovírus, podem aumentar o risco de desenvolver asma em crianças mais novas. No entanto, existem outras infeções que podem diminuir o risco.

Hipótese higiênica

A hipótese higiênica tenta explicar o aumento da asma a nível mundial enquanto resultado direto e não intencional da cada vez menor exposição a bactéria e vírus durante a infância. Tem sido proposto que a pouca exposição a bactérias e vírus é devida, em parte, ao aumento da higiene e à diminuição do agregado familiar nas sociedades contemporâneas. Entre as evidências que apoiam a hipótese higiênica está a menor proporção de asma em quintas e lares com animais de estimação. A exposição à endotoxina bacteriana durante o início da infância pode prevenir o desenvolvimento de asma, embora a exposição noutras idades possa provocar bronco constrição.

O uso de antibióticos em início de vida tem também sido associado ao desenvolvimento de asma. O parto por cesariana está associado a um aumento no risco de asma, estimado em 20-80%. Atribui-se este risco à ausência de colonização de bactérias que o recém nascido teria adquirido durante a passagem pelo canal de parto. Em crianças com risco acrescido de asma verifica-se uma diminuição significativa na abundância das bactérias intestinais dos gêneros Lachnospira, Veillonella, Faecalibacterium e Rothia, acompanhada pela diminuição dos níveis de acetatos fecais e desregulação dos metabólitos entero-hepáticos. A inoculação de modelos animais com estas bactérias demonstrou melhorar a inflamação das vias respiratórias em idade adulta, o que indica a possibilidade da criação de probióticos para prevenção da asma.

Genéticas

O histórico de família é um fator de risco de asma, no qual estão implicados muitos genes diferentes. Se um gémeo idêntico é afetado pela doença, a probabilidade de o outro também a contrair doença é de cerca de 25%. Até meados da década de 2000, tinham já sido associados à asma 25 genes, em seis ou mais populações isoladas, entre os quais a Glutationa S-transferase Mu 1, interleucina 10, CTLA-4, SPINK5, LTC4S ou ADAM33, entre outros. Muitos destes genes estão relacionados com o sistema imunológico ou atuam na inflamação. No entanto, mesmo nesta lista de genes, apoiada por vastos estudos e replicações, os resultados não têm sido consistentes entre todas as populações dos ensaios. Em 2006 foram associados à asma mais de 100 genes num único estudo de associação genética, processo que continua em desenvolvimento.

Algumas variantes genéticas podem provocar asma apenas quando combinadas com exposições ambientais específicas. Por exemplo, a combinação de um polimorfismo de nucleotídeo único específico na região CD14 com a exposição a uma endotoxina (um produto bacteriano). A exposição à endotoxina pode ter origem em diversas fontes ambientais, entre as quais o fumo do tabaco, cães ou animais de quinta. O risco do desenvolvimento de asma é assim determinado não só pela predisposição genética como também pela quantidade de exposição às endotoxinas.

Outras condições de saúde

A tríade de dermatite atópica, rinite alérgica e asma é denominada atopia. O principal fator de risco para o desenvolvimento de asma é um historial de doenças atópicas. A asma tem muito maior incidência em pessoas que têm eczema ou febre dos fenos. A asma tem sido também associada ao síndrome de Churg-Strauss, uma doença autoimune, e à vasculite. Os indivíduos com determinados tipos de urticária também podem vir a sofrer alguns sintomas de asma. Existe uma correlação entre a obesidade e o risco de asma, e a prevalência de ambas as condições tem vindo a aumentar em décadas recentes. Podem estar em jogo vários fatores, entre os quais a diminuição da função respiratória devido à acumulação de gordura e ao facto de o tecido adiposo provocar um estado pro-inflamatório.

Os fármacos bloqueadores beta, como o propranolol, podem desencadear asma em pessoas que sejam suscetíveis. No entanto, os bloqueadores beta cardioseletivos aparentam ser seguros em pessoas com doença leve ou moderada. Outros medicamentos que podem causar problemas são o ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios não esteroides e inibidores da enzima de conversão da angiotensina.

Causas de exacerbação

Alguns indivíduos apresentam asma estável durante semanas ou meses até que, subitamente, desenvolvem um apisódio agudo de asma, denominado exacerbação ou, vulgarmente, "ataque de asma". Diferentes pessoas reagem aos vários factores de diversas formas. Grande parte dos indivíduos pode desenvolver exacerbação grave a partir de vários agentes. Entre os factores mais comuns que podem provocar exacerbações de asma estão o pó, o pelo de animais (em particular o de cães e gatos), presença de baratas e bolor. O perfume também é uma causa vulgar de ataques agudos em mulheres e crianças. As infeções virais e bacterianas do trato respiratório superior podem agravar a doença. O estresse psicológico pode agravar os sintomas. Pensa-se que o stresse afete o sistema imunológico, ampliando a resposta inflamatória aos alergênios e irritantes.

Fisiopatologia

Obstrução do lúmen de um bronquíolo com exsudato, metaplasia da célula caliciforme e espessamento da membrana basal numa pessoa com asma.

A asma é o resultado da inflamação crônica das vias respiratórias, a qual provoca uma contração crescente dos músculos lisos envolventes. Isto provoca o estreitamento das vias e os sintomas clássicos do som sibilante ao respirar. Este estreitamento é geralmente reversível, com ou sem tratamento. Ocasionalmente, verificam-se alterações nas próprias vias respiratórias. As alterações mais vulgares são o aumento de eosinófilos e o espessamento do tecido linfoide. Em casos crônicos, o músculo liso das vias respiratórias pode aumentar de tamanho, a par de um aumento do número de mucosas. No processo estão também envolvidos outros tipos de células, como os linfócitos T, macrófagos e neutrófilos, e outros componentes do sistema imunológico, como citocinas, quimiocinas, histamina e leucotrienos.

Diagnóstico

Embora a asma seja uma condição plenamente reconhecida, não existe uma definição consensual universal. A Iniciativa Global para a Asma define-a como "transtorno inflamatório crônico das vias respiratórias no qual atuam diversas células e elementos celulares. A inflamação crônica está associada a hiper-reatividade que provoca episódios recorrentes de pieira, falta de ar, aperto do peito e tosse, em particular durante a noite ou início da manhã. Estes episódios estão associados com a obstrução em grau variável no interior do pulmão, a qual é na maior parte das vezes reversível de forma espontânea ou com tratamento."

Não existe atualmente um exame de diagnóstico preciso, pelo que o diagnóstico é geralmente baseado no padrão dos sintomas e na resposta terapêutica ao longo do tempo. Deve-se suspeitar de um diagnóstico de asma quando existe um histórico recorrente de pieira, tosse e dificuldade em respirar, e quando estes sintomas ocorrem ou se agravam durante o exercício físico, infeções virais, ou no contato com alergênicos ou poluição atmosférica. O diagnóstico pode ser confirmado através de espirometria. Em crianças com idade inferior a seis anos o diagnóstico é mais complexo, uma vez que são muito novas para realizar um exame de espirometria.

Espirometria

Os debitômetros portáteis quantificam o débito expiratório máximo instantâneo e ajudam a confirmar o diagnóstico de asma. A espirometria é recomendada enquanto método auxiliar de tratamento e diagnóstico. O diagnóstico de asma pode ser apoiado quando, através deste exame, se verificar uma melhoria superior a 12% na proporção de FEV1 após a administração de um broncodilatador como o salbutamol. No entanto, este valor pode ser normal em pessoas com um histórico de asma leve. Uma vez que a cafeína atua como broncodilatador em pessoas com asma, a ingestão de cafeína antes de um exame à função pulmonar pode interferir com os resultados. A capacidade de difusão por respiração única pode ajudar a distinguir a asma da doença pulmonar obstrutiva crônica. Considera-se também uma medida razoável a realização de espirometria a cada um ou dois anos de modo a determinar a qualidade do controlo da asma.

Outros métodos

O teste de bronco provocação por metacolina envolve a inalação de quantidades progressivamente superiores de concentrações de uma substância que provoca o estreitamento das vias respiratórias em indivíduos predispostos. Um resultado negativo significa que determinada pessoa não tem asma. No entanto, uma vez que não é um exame específico, um resultado positivo não significa necessariamente um diagnóstico de asma.

Entre os restantes métodos auxiliares de diagnóstico estão: uma diferença superior a 20% no pico de fluxo expiratório em pelo menos três dias por semana ao longo de pelo menos duas semanas; uma melhoria superior a 20% no pico de fluxo após tratamento com salbutamol, inalação de corticosteroides ou prednisona; ou uma diminuição superior a 20% no pico de fluxo após a exposição a um fator desencadeante de asma. No entanto, o exame do pico de fluxo expiratório é mais sujeito a variações, não sendo por isso recomendado em diagnósticos de rotina. Porém, este exame pode ser útil para auto-monitorização diária por pessoas com casos moderados e graves da doença de modo a verificar a eficácia de novos medicamentos.

Diagnóstico diferencial

Existem muitas outras condições que provocam sintomas semelhantes aos da asma. Em crianças, deve ser considerada a possibilidade da existência de outras doenças do trato respiratório superior como rinite alérgica ou sinusite. Devem ser ainda consideradas outras causas de obstrução das vias aéreas, entre as quais a inalação de de um corpo estranho, estenose da traqueia, laringomalácia, aumento de volume dos gânglios linfáticos ou a presença de nódulos no pescoço. Em adultos, devem ainda ser consideradas a doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência cardíaca congênita, a presença de nódulos nas vias respiratórias ou ainda tosse induzida por fármacos e disfunções nas cordas vocais.

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) pode coexistir com a asma e pode ocorrer enquanto complicação de asma crônica. A DPOC tem sintomas muito semelhantes à asma, estando relacionada com a maior exposição ao fumo do tabaco, maior idade, menor reversibilidade dos sintomas após a administração de broncodilatadores e menor probabilidade de histórico familiar de atopia. Depois dos 65 anos, a maior parte das pessoas com doença obstrutiva crônica apresenta as duas doenças em simultâneo. Neste contexto, a presença de DPOC pode ser confirmada quando se verifica aumento dos neutrófilos nas vias respiratórias, aumento anormal da espessura das paredes e aumento dos músculos lisos dos brônquios. No entanto, raramente é necessário este detalhe a nível do diagnóstico, uma vez que a DPOC e a asma partilham os mesmos princípios de tratamento: corticosteroides, agonistas beta de longa duração e cessação tabágica.

Prevenção

Não existem evidências sólidas da eficácia de quaisquer medidas de prevenção do desenvolvimento de asma ao ponto de justificar uma recomendação nesse sentido. No entanto, algumas medidas são promissoras, entre as quais a limitação da exposição ao fumo do tabaco durante a gravidez e após o parto, a realização de amamentação materna e o aumento da exposição a outras crianças durante a infância. Os resultados da exposição a animais de estimação são inconclusivos e só se recomenda que os animais sejam removidos do lar se uma pessoa já tiver sintomas alérgicos a esse animal. As restrições dietéticas durante a gravidez ou amamentação não mostraram ser eficazes, pelo que não são recomendadas. No entanto, a redução ou eliminação de determinados compostos do local de trabalho pode ser eficaz. Não é ainda claro se a vacina contra a gripe anual afeta o risco de exacerbações. No entanto, a vacinação é recomendada pela Organização Mundial de Saúde.

Tratamento

Apesar de não existir cura para a asma, é possível controlar os sintomas e os ataques. Uma das principais medidas é evitar a exposição aos vários factores desencadeantes, como o fumo do tabaco passivo ou ativo. Embora não exista cura para a asma, é possível controlar os sintomas. Pode ser criado um plano individual de monitorização e gestão dos sintomas, o qual deve incluir a redução da exposição a alergênicos, exames para verificar a gravidade dos sintomas e o uso de medicação. O plano deve ser escrito num documento entregue ao paciente e aconselhar ajustamentos ao tratamento de acordo eventuais alterações nos sintomas.

O tratamento mais eficaz para a asma é identificar e evitar a exposição aos factores desencadeantes, como os alergênicos, fumo do tabaco ou a aspirina. Se evitar a exposição não for suficiente, geralmente é recomendado o uso de medicação. Os fármacos são escolhidos de acordo com a gravidade da doença e frequência dos sintomas. Os medicamentos específicos para a asma são classificados em duas grandes categorias: os de alívio rápido e os de ação preventiva a longo prazo.

Para o alívio rápido dos sintomas de asma são recomendados broncodilatadores. Em pessoas apenas com ataques ocasionais não é necessária qualquer outra medicação. No caso de asma persistente leve (mais de dois ataques por semana), é recomendada uma dose pequena de inalação de corticosteroides ou, em alternativa, um antagonista dos leucotrienos oral ou um estabilizador de mastócitos. Em pessoas com ataques diários, geralmente recomenda-se uma dose maior de corticosteroides de inalação. No caso de exacerbações moderadas ou graves, são acrescentados ao tratamento corticosteroides orais.

Alterações no estilo de vida

Evitar os fatores desencadeantes de asma é essencial para melhorar o domínio da doença e prevenir o aparecimento de ataques. Os fatores desencadeantes mais comuns são o fumo de tabaco (passivo ou ativo), os ácaros domésticos, alergênicos de animais com pelos, alergia às baratas, pólen e fungos de exterior, fungos ou bolores de interior e alguns fármacos como a aspirina ou bloqueadores beta não seletivos. O fumo do tabaco, incluindo o fumo passivo, pode também reduzir a eficácia de alguns medicamentos, como os corticosteroides. As leis anti-tabaco vieram diminuir o número de pessoas hospitalizadas devido a asma. As alegadas medidas de controlo dos ácaros, como a filtragem do ar, produtos químicos para os matar, aspiração, protetores de colchão ou quaisquer outros métodos, não têm benefício clínico inequivocamente demonstrado, embora possa ser útil a lavagem semanal dos lençóis com água quente e evitar alcatifas ou móveis forrados a tecido, principalmente no quarto de dormir. Por outro lado, o exercício físico é benéfico para pessoas com asma estável e controlada.

Medicação

Os inaladores pressurizados doseáveis são a via de administração de medicamentos mais comum no tratamento de asma. Os medicamentos usados no tratamento de asma são divididos em duas classes genéricas: medicamentos de alívio rápido dos usados no tratamento de sintomas agudos, e medicamentos para o tratamento de manutenção e prevenção a longo prazo, usados para diminuir o aparecimento de crises de asma.

A medicação para a asma é geralmente administrada através de inaladores pressurizados doseáveis. Estes dispositivos podem ser complementados com uma câmara expansora ou um inalador de pó seco. Uma câmara expansora é um cilindro de plástico que mistura a medicação com ar, fazendo com que seja mais fácil receber a dose completa do fármaco, sobretudo em crianças que têm dificuldade na coordenação da ativação com a inalação. A administração da medicação pode também ser efetuada com um nebulizador, embora não seja opção de primeira linha. A eficácia dos inaladores doseáveis com câmara expansora é equivalente ou superior à dos nebulizadores em pessoas com sintomas leves a moderados, não existindo ainda dados suficientes para determinar se existe qualquer diferença nos casos graves de asma.

O uso prolongado de corticosteroides inalatórios em doses convencionais apresenta um risco pouco significativo de efeitos adversos. Entre os principais efeitos adversos estão o desenvolvimento de cataratas e uma regressão ligeira de estatura.

Alívio rápido

Os agonistas adrenérgicos beta2 de ação curta inalados (SABA), como o salbutamol, são a primeira linha de tratamento dos sintomas de asma. A sua inalação é recomendada antes do exercício em pessoas com sintomas induzidos pelo exercício. Os anticolinérgicos, como o brometo de ipratrópio, oferecem benefícios acrescidos quando usados de forma combinada com os SABA em pessoas com sintomas moderados a graves. Os broncodilatadores anticolinérgicos podem também ser usados nos casos em que haja intolerância aos SABA.
Os agonistas adrenérgicos mais antigos e menos seletivos, como a adrenalina, têm a mesma eficácia dos SABA. No entanto, já não são recomendados devido à preocupação com a excessiva estimulação cardíaca.

Ação preventiva a longo prazo

Os corticosteroides são geralmente considerados o tratamento mais eficaz para o tratamento de manutenção a longo prazo. As soluções de inalação, como a beclometasona, são as geralmente usadas, exceto no caso de doença persistente grave, no qual podem ser necessários corticosteroides orais. Geralmente recomenda-se que as formulações de inalação sejam usadas uma ou duas vezes por dia, dependendo da gravidade dos sintomas.

Os agonistas dos receptores beta adrenérgicos de ação longa (LABA), como o salmeterol ou o formoterol, podem melhorar o controlo da asma, pelo menos em adultos, quando administrados em conjunto com corticosteroides inalatórios. Em crianças não há ainda certezas sobre este benefício. No entanto, quando usados sem esteroides aumentam o risco de efeitos secundários graves, e mesmo com corticosteroides podem aumentar ligeiramente o risco.

Os antagonistas dos leucotrienos, como o montelucaste ou o zafirlucaste, podem ser usados como complemento aos corticosteroides inalatórios, geralmente também em conjunto com os LABA. No entanto, as evidências não são suficientes para apoiar o uso em exacerbações graves. Aparentam ser pouco benéficos em crianças quando acrescentados a corticosteroides inalatórios.

Os estabilizadores de mastócitos, como o cromoglicato, constituem outra alternativa não preferencial aos corticosteroides.

Outras opções

Quando a asma não reage aos medicamentos mais comuns, estão disponíveis outras opções, não só para o tratamento de emergência como para a prevenção de ataques. Outras opções para o tratamento de emergência são:

A administração de oxigênio para alívio da hipóxia quando a saturação é inferior a 92%.
O tratamento intravenoso com sulfato de magnésio tem demonstrado efeito broncodilatador quando usado em conjunto com outro tratamento em ataques de asma aguda grave.
A terapia de hélio e oxigênio pode ser considerada em casos graves de falta de reação.
A administração de salbutamol por via intravenosa não é apoiada pelas evidências atuais, sendo por isso usada apenas em casos extremos.
As metilxantinas chegarem a ser de uso comum, mas não acrescentam nenhum efeito significativo aos efeitos dos agonistas beta inalatórios. O seu uso em exacerbações agudas é controverso.
O anestésico dissociativo cetamina seria, em teoria, útil no caso de ser necessária intubação ou ventilação mecânica em pessoas que se aproximam de uma paragem cardio-respiratória. No entanto, não há evidências de ensaios clínicos que apoiem esta conclusão.
Em pessoas com asma persistente grave que não possa ser controlada com corticosteroides inalatórios e LABA, uma das opções pode ser a termoplastia brônquica, a qual consiste na administração de energia térmica controlada nas paredes das vias respiratórias durante uma série de broncoscopias.
Há evidências que sugerem que a imunoterapia sublingual em pacientes de rinite alérgica e asma tem resultados positivos.

Medicina alternativa

Muitas pessoas com asma procuram tratamentos de medicina alternativa. No entanto, existem poucos dados que confirmem a eficácia da maior parte destas terapias. Não há dados que apoiem que o uso de vitamina C seja eficaz, embora haja algum apoio hesitante para o seu uso em broncoespamos induzidos pelo exercício. A acupuntura não é recomendada como forma de tratamento, uma vez que não existem evidências suficientes que apoiem o seu uso. Tanto os ionizadores de ar como os geradores de íons positivos e negativos não revelarem quaisquer indícios de melhorar os sintomas de asma ou a função pulmonar.

As terapias manuais, como a osteopatia, quiropraxia ou fisioterapia, não demonstraram evidências suficientes para apoiar o seu uso no tratamento de asma. A técnica de Buteyko para o controlo da hiperventilação pode reduzir o uso de medicamentos; no entanto, não tem qualquer efeito na função pulmonar, pelo que as evidências são insuficientes para apoiar o seu uso.

Prognóstico

O prognóstico de asma é geralmente bom, especialmente em crianças com formas leves da doença. Ao longo das últimas décadas, a mortalidade tem vindo a diminuir devido ao melhor reconhecimento da doença e à melhoria nos cuidados de saúde. Em 2004, a asma provocava incapacidade moderada ou grave em 19,4 milhões de pessoas, 16 milhões das quais em países de baixo e médio rendimento. Entre os casos de asma diagnosticados durante a infância, cerca de metade já não apresenta o mesmo diagnóstico uma década mais tarde. Embora se observe remodelação das vias aéreas, desconhece-se se isto representa uma alteração benéfica ou prejudicial. O tratamento com corticosteroides durante a fase inicial aparenta prevenir ou atenuar o declínio da função pulmonar.

Epidemiologia

A prevalência global de asma aumentou significativamente entre a década de 1960 e o fim da década de 2000, e desde a década de 1970 que é reconhecida como um dos principais problemas de saúde pública. A incidência de asma nos países desenvolvidos estabilizou em meados da década de 1990, pelo que o aumento a partir dessa data se deu essencialmente nos países em vias de desenvolvimento. No ano de 2011, a asma afetava entre 235 e 330 milhões de pessoas, e em cada ano é responsável pela morte de 250 000 a 345 000 pessoas.

A prevalência da doença nos diferentes países varia entre 1 e 18%. É mais comum em países desenvolvidos do que em países em vias de desenvolvimento, pelo que a prevalência é geralmente menor na Ásia, Europa do Leste e em África. Entre os países desenvolvidos, a asma é mais comum entre os que têm economias mais desfavorecidas, enquanto que nos países em vias de desenvolvimento é mais comum entre os mais ricos, não se compreendendo ainda a razão destas diferenças. Os países com rendimento médio e baixo totalizam mais de 80% da mortalidade. Embora no geral a asma tenha o dobro da prevalência em crianças do sexo masculino do que do sexo feminino, a prevalência de asma grave é idêntica em ambos os sexos. Por outro lado, a prevalência em adultos é maior entre as mulheres e é mais comum entre os jovens.

Em Portugal, a prevalência média da asma é de cerca de 10%, estimando-se que afete cerca de um milhão de pessoas. Em 2004, a taxa de mortalidade devido a asma foi de 1,05 mortes por cada 100 000 habitantes. Em 2005, registaram-se 28,81 internamentos hospitalares por asma por cada 100 000 habitantes. No Brasil, estima-se que a prevalência da doença seja de 10%, o que corresponde a vinte milhões de asmáticos e está na origem de 300 a 600 mil hospitalizações por ano. A taxa média de mortalidade entre 1998 e 2007 devido a asma foi de 1,52 mortes por cada 100 000 habitantes. Nos países da África meridional, entre os quais Angola, estima-se que a prevalência de asma seja de 8,1%, enquanto que nos países da África oriental, entre os quais Moçambique, se estima que seja de 4,4%.

Sociedade e cultura

A asma representa um peso substancial nos recursos dos cuidados de saúde em vários países. É provável que o custo econômico aumente à medida que a prevalência e gravidade da doença também aumente. Este custo econômico da asma deve-se em grande parte à falta de controlo da doença, o que motiva despesas diretas com hospitalizações de emergência e internamentos, e custos econômicos indiretos devido ao absentismo do local de trabalho ou da escola. A má gestão da doença faz com que a asma se possa tornar de tal forma grave que leve à reforma antecipada da pessoa. A falta de controlo da asma tem também um impacto sócio econômico significativo, não só no paciente como em toda a família, agravando o custo com despesas de saúde e maior mortalidade. A falta de controlo deve-se em grande parte à subtilização da medicação prescrita. É importante que o doente esteja consciente de que a asma não é motivo de vergonha ou embaraço social. Existem atletas olímpicos, dirigentes políticos e celebridades que têm asma e vivem vidas perfeitamente normais.

História

Embora tóxica, a efedrina foi utilizada para o tratamento de asma e doenças respiratórias desde a antiguidade chinesa. A asma era já reconhecida enquanto doença no Antigo Egito, onde era tratada com a administração de uma bebida à base de incenso denominada kyfi. O Papiro Ebers prescrevia para o tratamento o aquecimento em fornos de tijolo de mistura de plantas, cujo fumo era inalado. O primeiro registo literário da expressão grega ἅσθμα (ástema ou "ofegante") que está na base do nome atual é atribuído à Ilíada de Homero. Mas seria apenas no Corpus Hippocraticum, atribuído a Hipócrates, que o termo seria pela primeira vez usado no contexto médico, sendo ainda incerto se o autor considerava a asma uma entidade clínica distinta ou apenas um sintoma. Hipócrates referiu também que a probabilidade de se observar os espasmos associados à asma era maior entre pescadores, alfaiates e metalúrgicos.

Areteu foi um dos primeiros médicos a escrever uma descrição clínica da asma. Galeno descreveu a asma enquanto obstrução dos brônquios, prescrevendo um tratamento com sangue de coruja e vinho. O rabino e filósofo Maimónides, que era também médico na corte do sultão Saladino, escreveu um Tratado da Asma para um dos seus pacientes, o príncipe Al-Afdal. Mainmónides descrevia que os sintomas geralmente tinham início durante o tempo úmido e de forma semelhante à constipação, até que eventualmente o paciente sentia falta de ar e tossia ao ponto de expelir fleuma. Notou também que os meses secos no Egito eram benéficos para os asmáticos. Na China era comum o tratamento de asma com extratos de plantas ricas em efedrina, a partir das quais se podia inalar agonistas beta para o tratamento de doenças respiratórias.

Na Idade Moderna, o médico, químico e fisiologista belga Jan Baptista van Helmont afirmou que a asma tem origem nos canais dos pulmões. Bernardino Ramazzini, considerado o pai da medicina do desporto, salientou a existência de uma associação entre a asma e o pó orgânico e descreveu a asma induzida pelo exercício. Em 1873, um dos primeiros artigos sobre o tópico na perspetiva da medicina moderna procurou explicar a fisiopatologia da doença. Outro, em 1872, concluiu que a asma poderia ser curada ao esfregar o peito com linimento de clorofórmio. Em 1880, os tratamentos médicos para a asma prescreviam a administração intravenosa de doses de um fármaco denominado pilocarpina. Em 1886, foi proposta a relação entre a asma e a febre dos fenos. Em 1905 propôs-se pela primeira vez o uso de epinefrina para o tratamento de asma.

Entre as décadas de 1930 e 1950, a asma era considerada uma das sete principais doenças psicossomáticas, uma abordagem que provavelmente impediu avanços científicos na época. Considerava-se que a sua causa fosse psicológica, e o tratamento baseava-se muitas vezes na psicanálise ou outras terapias conversacionais. Uma vez que estes psicoanalistas interpretavam os sibilos de asma como o choro reprimido de uma criança pela sua mãe, consideravam que o tratamento de depressão seria de especial importância para indivíduos com asma.

A asma, enquanto doença inflamatória, só foi plenamente reconhecida por volta do início da década de 1960. Na década de 1950 começaram a ser usados no tratamento corticosteroides orais e em 1956 foi introduzido para uso clínico o primeiro inalador pressurizado doseável. Na década seguinte, generalizou-se o uso de corticosteroides inalatórios e agonistas beta seletivos de rápida ação.